Música de Renato Russo não é sobre índios. É sobre nós e a nossa incurável alienação
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A música, na verdade, fala sobre o conformismo, o baixo nível intelectual que dificulta o discernimento, gerando a falta dos sensos de ridículo e crítico e a alienação e nossa submissão à mídia. Submissão que muitos não admitem, mas possuem em plenitude.
Não vou explicar verso por verso. Cada um que interprete a sua maneira. Mas sempre lembrando de que a letra é um recado a todos nós para que não sejamos enganados e façamos as vontades dos poderosos que lucram com a nossa ingenuidade e com nossa ignorância.
Não aceitemos os "espelhos" que os poderosos nos dão através da mídia. Esses "espelhos" nunca refletem a essência de nossas almas.
Grande genialidade do sempre genial e eterno Renato Russo, que usou uma boa metáfora para traçar a realidade ainda persistente em nossa sociedade cada vez mais alienada e submissa.
"Índios" - Legião Urbana
Composição: Renato Russo - álbum "Dois" (EMI, 1986)
Quem me dera
Ao menos uma vez
Ter de volta todo o ouro
Que entreguei a quem
Conseguiu me convencer
Que era prova de amizade
Se alguém levasse embora
Até o que eu não tinha
Quem me dera
Ao menos uma vez
Esquecer que acreditei
Que era por brincadeira
Que se cortava sempre
Um pano-de-chão
De linho nobre e pura seda
Quem me dera
Ao menos uma vez
Explicar o que ninguém
Consegue entender
Que o que aconteceu
Ainda está por vir
E o futuro não é mais
Como era antigamente.
Quem me dera
Ao menos uma vez
Provar que quem tem mais
Do que precisa ter
Quase sempre se convence
Que não tem o bastante
Fala demais
Por não ter nada a dizer.
Quem me dera
Ao menos uma vez
Que o mais simples fosse visto
Como o mais importante
Mas nos deram espelhos
E vimos um mundo doente.
Quem me dera
Ao menos uma vez
Entender como um só Deus
Ao mesmo tempo é três
Esse mesmo Deus
Foi morto por vocês
Sua maldade, então
Deixaram Deus tão triste.
Eu quis o perigo
E até sangrei sozinho
Entenda!
Assim pude trazer
Você de volta pra mim
Quando descobri
Que é sempre só você
Que me entende
Do início ao fim.
E é só você que tem
A cura do meu vício
De insistir nessa saudade
Que eu sinto
De tudo que eu ainda não vi.
Quem me dera
Ao menos uma vez
Acreditar por um instante
Em tudo que existe
E acreditar
Que o mundo é perfeito
Que todas as pessoas
São felizes...
Quem me dera
Ao menos uma vez
Fazer com que o mundo
Saiba que seu nome
Está em tudo e mesmo assim
Ninguém lhe diz
Ao menos, obrigado.
Quem me dera
Ao menos uma vez
Como a mais bela tribo
Dos mais belos índios
Não ser atacado
Por ser inocente.
Eu quis o perigo
E até sangrei sozinho
Entenda!
Assim pude trazer
Você de volta pra mim
Quando descobri
Que é sempre só você
Que me entende
Do início ao fim.
E é só você que tem
A cura pro meu vício
De insistir nessa saudade
Que eu sinto
De tudo que eu ainda não vi.
Nos deram espelhos
E vimos um mundo doente
Tentei chorar e não consegui.
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