Ator indiano quer fazer cinema de autor em seu país


ESPREMENDO A LARANJA: Na contramão de muitos países como o Brasil, que resolveram priorizar um cinema mais de entretenimento, a Índia, que produz muito mais filmes que os Estados Unidos, igualmente fantasiosos e feitos apenas para diversão, agora vai começar a fazer seu cinema mais intelectualizado.

Um dos maiores atores do país, Aamir Khan, quer agora produzir filmes mais realistas e feitos para pensar e valorizar a arte.

Entretenimento é bom, mas sabemos que qualquer forma de produção voltada exclusivamente para a diversão é efêmera, por mais que seus defensores a considerem eterna. Nenhum ser com o mínimo de sabedoria consegue cultuar futilidades por um longuíssimo tempo.

Boa sorte a Aamir. Que muitos sigam o seu exemplo e nasça um cinema denso e realmente admirável em seu país.

O rei de Bollywood quer dar uma chance a 'um outro cinema' na Índia

Terça, 10 de agosto de 2010, 21h03 Atualizada às 21h45 - AFP - Matt Carr/Getty Images

No auge de sua posição de 'superstar' do cinema indiano, o ator, realizador e produtor Aamir Khan quer colocar sua fama a serviço de filme de autor, como testemunha sua última produção Peepli Live - uma visão tragicômica da realidade da Índia rural contemporânea. Aos 45 anos, Aamir Khan é hoje um dos homens de mais poder e admirados de Bollywood, a indústria do cinema indiano.

Ator venerado em seu país natal, herói de dois sucessos históricos na Índia, 3 idiots e Ghajini, é também conhecido no exterior por ter produzido e interpretado Lagaan - Era uma vez na Índia, filme que levou o público ocidental a descobrir Bollywood e que recebeu a indicação ao Oscar de melhor filme estrangeiro em 2002.

Seus dois seguranças, que o acompanham de dia e de noite, vigiam a entrada da suíte que ocupa num hotel de luxo de Beverly Hills, onde vai promover Peepli Live. E mesmo se não há nenhum risco, em Los Angeles, de aparecer um bando de fãs apaixonadas, o acesso a ele é tão estrito quanto na Índia. Para quem consegue aproximar-se do astro, que usa jeans e camiseta, a impressão é de pessoa muito simpática e afável.

"Quando li o roteiro de Peepli Live, senti que seria um desafio para o público indiano", declarou Aamir Khan à AFP. "A maior parte dos filmes indianos são, em geral, contos de fadas, musicais desmesurados com heróis, de um romantismo cheio de ação e canções à imagem de Lagaan ou Devdas, acrescentou ele. "A apresentação da realidade não é comum num filme indiano."

Embora o cinema indiano tenha dado numerosos cineastas à história da Sétima Arte - Satyajit Ray, Raj Kapoor ou Guru Dutt - a maior parte da produção é constituída, hoje, de musicais de várias horas, produzidos em série, em estúdios de Mumbai, Chennai ou Hyderabad.

Peepli Live, que estreia nesta sexta-feira (13) nos Estados Unidos e na Índia, após a apresentação no último festival de Sundance, está muito longe desse modelo. Primeiro filme da cineasta Anusha Rizvi, rodado na campanha indiana, conta as aventuras tragicômicas de dois irmãos agricultores, Budhia e Natha, dispostos a tudo para manter sua propriedade, apesar das dívidas, na cidade de Peepli.

Quando tomam conhecimento de que o governo decidiu indenizar as famílias de camponeses que se suicidaram, Budhia convence Natha a pôr fim a seus dias. O 'camponês prestes a se sacrificar' e Peepli tornam-se, então, presas da televisão, à procura de uma boa história, em pleno período eleitoral.

"É uma formidável janela sobre a Índia rural de hoje", declarou Aamir Khan, que viveu na cidade durante toda a vida. "O filme mostra esse fosso crescente entre a Índia rural e a Índia urbana, e a maneira pela qual a sociedade põe todos os recursos, sua energia, sua riqueza, a serviço das cidades. As aldeias e a Índia rural são completamente esquecidas e tornam-se invisíveis para nós", lamenta ele.

"De uma certa forma, é um filme sobre a sobrevivência. Os camponenses, os políticos ou a imprensa, cada um de nós, em função do meio ambiente e das circunstância, faz o que deve fazer para sobreviver", disse ele.

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