EXISTEM CANÇÕES: 20 anos de "As Quatro Estações" da Legião

Neste mês se comemora os 20 anos do início das gravações do álbum que foi o divisor de águas na carreira da mais importante banda brasileira de rock de todos os tempos. As Quatro Estações, que felizmente tenho em minha coleção desde 1998, mostrou um novo caminho para Renato Russo e sua trupe.

A primeira coisa a notar, é a ausência de Renato "Negrete" Rocha. Parece que ele foi formar outra banda, embora exista uma lenda de que ele tenha sido expulso, por causa de drogas. Nas gravações deste álbum, Russo assumiu o baixo que era de seu xará.

Outra coisa bem nítida é que neste álbum, a Legião Urbana estava mais melódica, mais baladeira (música lenta) e menos punk na sonoridade. As letras, ainda conscientizadoras, falavam mais sobre os problemas da vida do que sobre problemas na política. Dentre os temas, há referências a suicídio (no início) e ao conflito de gerações em Pais e Filhos, homossexualismo masculino em Maurício e em Meninos e Meninas, homenagem a amigos mortos em Feedback song for a Dying Friend, esta com arranjos árabes e cantada no inglês que Russo aprendeu em sua estadia nos EUA, nostalgia em 1965 (Duas Tribos) e aquela que é a canção da Legião que eu mais gosto, Sete Cidades, influenciada no estilo da banda americana The Byrds. Há também referências bíblicas, budistas e até literárias em várias letras do disco.

Em 1995, o álbum foi remasterizado em Abbey Road por Peter Mew, o mesmo que cuidou da remasterização de álbuns do Pink Floyd, mantendo uma qualidade indiscutivel nas cópias lançadas até então. Desde então, os cds aparecem com o lay-out original respeitado, pois até 1994, a estética dos cds pareciam de k7, com encartes e contracapa improvisados de maneira bastante grosseira.

É um álbum que recomendo a todos que são (como eu) ou não são fãs da Legião. É um bom ponto de partida para quem quiser conhecer as idéias de Russo e a excelente qualidade musical que sempre andou de mãos dadas com a banda.