Havia necessidade de colocar uma criança como rainha da bateria?

Falei do melhor momento do carnaval, que foi o número de mágica da (merecida) campeã Unidos da Tijuca. Agora falo do pior. Justamente veio de uma escola de Niterói, onde eu moro e de uma escola que fica num bairro que cheguei a morar de 1973 a 1977, Barreto, mas que tem o nome do bairro atual onde eu moro (a parte final de Santa Rosa é conhecida como Viradouro), pois havia surgido aqui.

Não se sabe o verdadeiro motivo (e haveria?) , o presidente da Viradouro, que poupo em citar o nome, decidiu, junto com a esposa, colocar a sua pequenina filha para ser rainha da bateria. Argumentaram que nada tinha a ver com pedofilia, que ela iria utilizar roupas discretas, etc. Mesmo assim, a menina ficou assustada quando entrou na avenida, o que demonstra total irresponsabilidade por parte dos pais.

Mesmo que não haja pedofilia (se bem que no carnaval, todos, sem exceção, entram no cio, ficando mais tarados - um perigo para crianças, que deveriam ficar separadas dos adultos nos festejos), a festa é gigantesca demais para uma criança de apenas 7 anos. para um adulto, a Marquês de Sapucaí é a passarela das Escolas de Samba, mas para uma criança, é uma arena de leões. A criança não sabe o que aquilo representa e de qualquer maneira representa perigo para ela. Quando eu tinha 7 anos, tudo pra mim parecia ser maior do que realmente era. Pelo menos eu tinha a noção de que não podia ficar sozinho em qualquer lugar.

Mais infelizes foram as declarações dos pais, que se comportavam como se "controlassem" o cérebro da própria filha. A vontade deles era a "vontade da filha". Gente, mesmo que seja um espírito de outras vidas, o processo de reencarnação só se encerra justamente aos 7 anos. O corpo nesta idade ainda está fresquíssimo, saindo do forno. O cérebro dela não tem condições de decidir nada. Se já existe muitos adultos que ainda não tem discernimento para decidir (os pais da menina são assim), imagine uma menina de 7 anos.

Se fosse para ela ser rainha de bateria de carnaval infantil, tudo bem, já que a festa para esta faixa etária tem as proporções reduzidas para se adequar a petizada. Mas um desfile gigantesco do grupo principal, é arriscar muito a criança.

Mesmo que nada de grave tenha acontecido, não gostei de ter colocado uma criança para ser rainha de bateria num carnaval de adultos. Podem me chamar de quadrado, ou o que quer que seja. Não gostei e vou continuar não gostando. Tomara que a menina não fique com traumas depois desse episódio. E tomara que isso nunca mais se repita.

Quase ninguém sabe criar filho

A maioria das pessoas adultas não estão preparadas para criarem um filho, mas as regras sociais e os instintos biológicos obrigam todo mundo a ter filho. "Ah, meu sonho e ter um filho", todos dizem. Mas ninguém diz "eu quero criar um filho". Pois sabe que criar é a parte mais difícil. E entregam a tarefa a uma babá semi-analfabeta que mal sabe cuidar de si mesma. Isso quando a tarefa de educar não é entregue à ultra-alienante e deseducativa programação das TVs do P.i.G..

Acho que todos deveria fazer um curso para saberem quão difícil é a tarefa de educar um ser humano. Difícil, mas ultra-responsável. Vemos hoje chegarem à vida adulta a geração "educada" pela televisão e estamos vendo os desastres: gente conservadora em idéias , mas "moderna" demais em hábitos (piercings não compensam as idéias retrógradas de seus portadores), jovens arrogantes, autoritários e teimosos, que não aceitam nem críticas construtivas e que quando estão no poder, fazem o que querem, sem medir níveis de moralidade e respeito aos outros.

Acho que as pessoas deveriam pensar mil vezes antes de ter um filho. A imaturidade dos adultos de hoje poderá prejudicar ainda mais a formação de nossos futuros jovens. E aí voltaremos aos tempos das cavernas (só que cavernas tecnológicas) e vamos ter que aprender tudo de novo.

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