Crônica sobre uma visita a Brasília

ESPREMENDO A LARANJA: Márcio, um grande amigo que conheci em 1992, em Salvador, que tenho como irmão e que atualmente mora em Morro do Chapéu, no mesmo estado, me enviou essa bela crônica.

Ele estava viajando nesta semana a Corumbá para pegar o diploma definitivo e teve que fazer uma escala que o obrigou a ficar três horas em Brasília. Ele aproveitou esse tempo para dar uma volta pela capital federal e escreveu este texto. O texto foi enviado no último dia 24.

Quem conhece o rock de Brasília, vai reconhecer algumas referências citadas no texto.

Valeu Márcio. Saudades. Aqui está a tua crônica.

CRÔNICA SOBRE UMA VISITA A BRASÍLIA

Por Márcio Ribeiro dos Santos - via e-mail - 24.06.2010

Ao descer no aeroporto , sabia que iria ficar aguardando 03 horas a conexão para salvador. Peguei um táxi e fui direto para o planalto. A emoção corria em minhas veias, pois tinha que visitar Brasília em nome do profeta Renato Russo. Era uma obrigação religiosa desse legionário que aqui escreve. Mais ou menos como o compromisso de um muçulmano de ir até Meca em nome do profeta Maomé.

Sim, a mística Brasília, no coração do Brasil. Precisava pisar aquele solo que gerou a melhor banda do Brasil. Ver de perto os pratos invertidos do congresso que remetem à capa do primeitro disco de 1984.

Ao rodar pela cidade em direção ao planalto, me causou estranheza a arquitetura moderna. Vislumbrei os prédios residenciais dos funcionários públicos, construídos por JK. Em um daqueles playgrounds, Renato se tornou a lenda. Prédios estranhos e feios. Brasília parece trazer a sensação de falta. Falta alguma coisa. Muita areia. Muitas árvores. árvores sem vida. Estranheza que uma cidade planejada deve despertar para quem a visita pela primeira vez. O certo e o errado no mesmo lugar. Faltam esquinas. Falta vida.

O ódio dá lugar ao orgulho quando se chega ao planalto. Majestoso. A praça dos três poderes. Parecia que uma trilha sonora me vinha aos ouvidos...Plebe Rude: "capital da esperança, asas e eixos do Brasil...".

Brasília, com suas paredes pichadas e sujas...sem-terras acampados. Sim, falta algo. Agora entendo a rebeldia, Plebe Rude nunca me soou tão vivo " cadê sua fração? até quando esperar? ...."

Amor e ódio misturados. Hora de voltar ao aeroporto. Dragões da independência como soldados do faraó. Guardam o congresso. Como guardariam as pirâmides. E o lago paranoá. Um oasis no deserto. Como o Rio Nilo. Dando vida a terra seca.

Já estou no avião...Brasília lá embaixo...no princípio decepção, depois orgulho. Sentimento ambíguo que carrego por esse País. País da beleza e da mediocridade. Tudo misturado. No avião, uma canção me vêm a memória: " eu inauguro o monumento no Planalto central do País.."

Brasília ficando pra trás. Pequena e bela. Obrigado JK.

Ao pousar em Salvador, uma vontade imensa de escrever um poema. Como não sou bom em poemas, fiz essa crônica.

Marcio R. dos Santos
Psicólogo.

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