Até parece maldição



No país do "patriotismo" futebolístico, da música brega e dos políticos corruptos, é mais do que comum o costume de que ótimas e excelentes idéias vão direto para o fundo do poço, já que o Zé Poveco só se interessa pelo que é rídiculo, ruim, fútil e inútil.

O povo brasileiro é tradicionalmente chegado mais a programas que exijam menos do cérebro e que não rompam com valores, costumes e características consagradas há muito tempo. Brasileiro detesta mudanças radicais.

No último domingo, foi ao ar o último episódio do excelente seriado SOS Emergência. E pelo que pude perceber no último episódio sobretudo, a atração ainda tinha muito o que contar. É um seriado que possibilita uma variação enorme de tramas e muita criatividade. Dava para pelo menos mais 5 temporadas em um ano inteiro cada.

Mas o ingrato horário (custava pelo menos mudar o horário, só para "testar"?) e o formato americanizado (apesar da adaptação à realidade brasileira, era impossível não se lembrar de Scrubs ou do francês H) não agradaram o público brasileiro, que preferiu o besteirol sem sentido e sem graça do Pânico na TV, que competia no mesmo horário.

O interessante é que com o fim precoce e equivocado do seriado, percebi um detalhe. 4 atores dele estiveram juntos em uma novela que além de fugir dos padrões desejados pela população chegada a um mau gosto, teve fim apressado por motivos parecidos. E o diretor do seriado é filho de um dos principais atores da mesma novela.

A estória se repete

A novela Bang Bang inovou por contar uma estória de faroeste, com personagens americanos e ambientada no Oeste dos Estados Unidos. Tinha tudo para ser a primeira novela destinada quase exclusivamente ao público masculino. Era bem criativa e movimentada. Não sou chegado a novelas, mas eu não queria perder um capitulo de Bang Bang e quando perdia, me chateava.

Era uma novela bem criativa, muito bem escrita pelo escritor Mário Prata. Mas como a audiência esperada fracassou (boa parte do público alvo chegava em casa do trabalho na hora da novela e ao chegar, ia direto para o banho e jantar,sentando na TV depois que a mesma terminasse), a novela foi entregue a outro autor, Carlos Lombardi,que acabou com a qualidade artística da novela, transformando-a num besteirol de galãs descamisados, já visando o público feminino, já acostumado com novelas no horário. Além disso, a novela ganhou uma aceleração nas tramas, consequentemente apressando seu fim.

Quatro atores de SOS Emergência estão passando novamente pela experiência de ter uma excelente obra abreviada injustamente: Bruno Garcia (Ben Silver na novela e Dr. Wando no seriado), Ney Latorraca (Aquarius Lane/ Dr. Solano), Marisa Orth (Úrsula/ Dra. Michelle) e Fernanda de Freitas (Cathy/Dra. Evelyn - que tinham em comum a sem-gracisse ausente na bela atriz). Além disso, o diretor do seriado, Mauro Mendonça Filho, pelo que o nome já diz, é filho do ator que fez Paul Bullock na novela, Mauro Mendonça.

Chato para esses atores passarem pela segunda vez por uma mesma situação desagradável, imposta por uma mídia cada vez mais mercenária e manipuladora, que despreza boas obras e mantém as inúteis para que a massa sem cultura se sinta falsamente aculturada.

Assim como Bang Bang (como era até a metade) deixou saudades, o SOS Emergência também fará muita falta. Vivemos num país que odeia criatividade. E que só quer bola na trave. E só.

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