Homens casam com mulheres que não gostam. Pior: casam com as que outros gostam

Vivemos num mundo injusto. O egoísmo e o orgulho do ser humano, somada a ignorância resultante, faz com que muitos conceitos, opiniões, crenças, atitudes se tornem bastante equivocadas, prejudicando muitos e favorecendo poucos.

Injustiças existem em todos os lugares. Até mesmo onde ninguém imagina. Na cultura musical, por exemplo: normalmente quem faz mais sucesso, quem é mais reconhecido, é justamente quem faz música da pior qualidade, quando deveria ser o contrário. A ideia de que a qualidade musical está na popularidade e na presença na mídia, ajuda a criar essa injustiça. Na vida afetiva também existe injustiça.

Pensem comigo: vivemos numa sociedade ritualística. Tudo tem que ser celebrado através de rituais. E o casamento é um deles. E rituais são sempre subjetivos. Não são necessários, mas sua "necessidade" é criada para satisfazer o prazer de quem se envolve com ela. Até aí tudo bem. Até eu adoro rituais. Eu mesmo criou os meus quando quero comemorar alguma coisa. Meus 40 anos serão no Barra Shopping, com meus pais, meu irmão (que também chegará a temida idade no mesmo dia) e se possível, uma namorada (se eu conseguir uma, ou melhor, se os outros homens me deixarem ter uma). Mas crer que algo só vai dar certo se seguir tal ritual, aí é criancice pura.

O casamento talvez seja o mais importante ritual da vida de qualquer pessoa. Engana-se quem pensa que a maioria casa por amor. Errado. A maioria casa por compromisso social. O casamento é um ritual de consagração da vida adulta. É como se o casal dissesse para a sociedade: "somos adultos e agora podemos andar com nossos próprios pés". E justamente por ser um ritual de consagração da vida adulta, que todos querem se casar. Até mesmo quem não quer realmente se casar, como no caso de muitos homens. Não querem, mas sabem que homem casado é muito mais respeitado que homem solteiro. Os solteiros são confundidos como se fossem irresponsáveis.

E nessa pressa toda de querer "ser adulto" que todos se casam por impulso, aleatoriamente. As mulheres procuram o provedor/protetor: se um cara é alto/forte e tem um bom emprego e não oferece perigo físico, já serve como marido. Os homens vão no sexo mesmo: caiu na água e fez "tchibum!", eles traçam. Mas normalmente não é com as mulheres que eles queriam.

No Brasil, as mulheres são educadas para casar. Para elas o fato de estarem casadas é até mais importante do que o próprio convívio do casal. O noivo é apenas um acessório em uma cerimônia. Só serve para pagar a cerimônia e dizer "sim" no altar. O resto, é tratado como se fosse invisível, pois noiva e convidados estão deslumbrados com a festa em si. O noivo que se dane.

Mas a vingança será maligna: o desprezo que o noivo sofre na cerimônia, a mulher passa a sofrer a partir do casamento. Curioso que enquanto antes da relação, o homem é que tem que conquistar a mulher, depois do casamento, é o contrário: a mulher é que tem que conquistar o homem, já que na sociedade bocó em que vivemos, machista que só, homens só querem conquistar mulheres, como se elas fossem meros troféus. Troféu de quê, até agora não consegui saber. Conquistado um troféu, deixa-se na estante pegando poeira e parte para a conquista de outro troféu. É assim que pensam os machistas, doa a quem doer. E como não sou machista, odeio esta atitude. Aliás, pago por essa atitude, já que "pagam os certos pelos errados".

É muito comum na vida real um homem nunca se casar com o amor de sua vida. Quando a série Anos Incríveis (que eu sempre adorei e considero uma das melhores de todos os tempos) acabou, apareceu uma mensagem no ultimo episódio falando do destinos dos personagens e o protagonista, Kevin Arnold acabou vivendo bem longe de sua amada Winnie Coopper, casado com outra. Mas nunca esqueceu a amada. Mas isso é exceção na ficção. Coisas como essa são mais comuns na vida real que na ficção, onde o autor sempre dá um jeitinho para unir aqueles que se amam mutuamente. Mas como Deus determina o livre arbítrio, nada pode fazer para que os casais mutuamente indiferentes se unam.

Mas como o amor é algo abstrato, invisível e intocável, as pessoas preferem acreditar que todos os casais se unem por amor. Pior: preferem acreditar que toda pessoa se casa com sua alma-gêmea. Como duas pessoas de características tããão opostas possam ser almas-gêmeas. Alma-gêmea não existe. É uma invenção da mitologia grega que todo mundo achou bonitinho acreditar. Uma perfeita bobagem.

Normalmente os homens se casam com mulheres que os outros gostam. Todo marido chato pode ser apelidado de "lucky bastard", algo como "safado sortudo". Maridos insensíveis sempre serão objeto de inveja de outros homens. Isso é natural e até automático, principalmente para quem se casa sem amor. Se os primeiros tivessem se preocupado em se casar com quem realmente eles quisessem, talvez não seriam alvos de tanta inveja.

E de qualquer modo, seja como a sociedade pense, os apaixonados continuam se dando mal na vida afetiva. A solidão parece uma sentença perpétua que assombra quem não se adequa as exigências do "mercado afetivo". E as injustiças da vida afetiva continuarão enquanto as pessoas não pararem de agir por impulsos e valorizar mais os rituais do que a vida-a-dois.

Porque casar, não é apenas usar véu e grinalda. É se unir a alguém para encarar juntos os desafios da vida. Mas isso ninguém pensou enquanto preparava a cerimônia.

E todos vivem infelizes para sempre: eles, os casados e nós, os solteiros.

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NOTA: Hoje, eu postei um texto de Allan Kardec sobre o tema no meu blog de relax Eu Adoro Sossego. Dêem uma chegadinha lá.

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