A verdadeira música universitária

No meu tempo, música universitária significava música intelectualizada, que falava de coisas importantes da vida, que tinha qualidade, era bem feita e não era mercenária. Não queria paradas de sucessos e até passava longe dela, fazendo com que muitas vezes música universitária fosse sinônimo de música alternativa. Já que a inteligência encontrava nos campi seu habitat natural, a música dos campi tinha que ser inteligente.

Antigamente tinhamos as músicas dos festivais, nos anos 80 o rock alternativo. Suas influências iam de Bob Dylan, Lou Reed, Neil Young, Joni Mitchell, passando por Morrissey com ou sem os Smiths, R.E.M., Suzanne Vega, entre inúmeros. Aqui no Brasil, a Bossa nova, a MPB dos anos 60, os antigos CPC's, o Rock Rural, o rock intelectualizado de gente como Cazuza e Renato Russo. Enfim, a música de universitários tinha que ser inteligente, criativa e questionadora.

Mas aí num belo país tropical, gigante e bobinho, colocou nas cabeças dos jovens que todos tinham que entrar na faculdade para trabalhar. A vida escolar não encerrava mais no nível médio. Se não bastasse o nível básico ter um ano a mais, ainda inventaram que todo mundo tinha que fazer faculdade. Todo mundo tinha que "sê dotô".

Com isso muita gente burrinha, pouco interessada em discutir as coisas da vida, achando que estocar a geladeira de cerveja de suas miseráveis casas é muito mais importante do que melhorar a distribuição de renda do país, entra para a faculdade. Como provas exigem muito mais memória que inteligência, os burros conseguiram entrar nas faculdades.

Aí tome chopada disso, bloco daquilo, "sertanejo" universitário, pagode universitário, forró universitário, cagada universitária, etc. Coisas que iriam alegrar muito o pessoal do Comando de Caça aos Comunistas do Mackenzie (de onde veio aquele cara que dá "boa noite" em falsete), já que alienação é ótimo meio de imobilizar a juventude.

E com essa moda de popularescos universitários, temos um triste retrato de nossa juventude, muito mais interessada em usar os diplomas para resolverem suas ambições monetárias do que realmente fazer alguma coisa pelo país. O movimento estudantil, já fraco, com as entidades reduzidas a "fabricantes de carteirinhas" enfraquece mais ainda, com a bregalização da mente dos estudantes brasileiros.

Ou será que os novos universitários pensam que irão acabar com os erros do capitalismo com "chopadas"? Com isso, só conseguirão enriquecer ainda mais as gananciosas e ultra-capitalistas indústrias de cerveja.

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