Aline acaba, mas Big Brother Brasil continua

A Rede Globo possuiu até ontem, dois extremos em sua programação, que por virem em horários consecutivos, são merecedores de uma comparação: o genial seriado Aline, intelectualizado e bastante movimentado e cheio de referências alternativas e o Big Brother Brasil, burro, brega, tosco e monótono e ainda por cima bem popularesco. "Di-vinha" quem vai continuar no ar até não sei quando?...

Apontaram inúmeras desculpas para justificar o fim de Aline, mas a única que me convence - e que não foi dita - é que a TV aberta não serve mais para obras intelectualizadas. O povo, graças a péssima qualidade da educação e da infeliz mania de classificar intelectuais e suas ideias de "chatas", prefere justamente aquilo que for tosco e que nada faça para evoluir a humanidade. Pelo contrário, cada vez mais as pessoas parecem orgulhosas de sua origem animal.

Claro que ninguém vai justificar oficialmente que Aline acabou porque era "intelectual demais". A população brasileira é burra, mas não assume esse rótulo. Pega mal para a Globo chamar os telespectadores da TV aberta de burros. Para o povinho medíocre, o Big Brother é que é inteligente, no nível que a população entende como tal. Por isso que inventar desculpas para justificar o fim de Aline é a atitude considerada correta pela cúpula da Globo. Entenda quem quiser entender.

Anteontem eu assisti ao último episódio de Aline e senti que era um seriado para durar zerentas temporadas. Tinha tudo para durar tanto quanto um CSI - creio ser o seriado há mais tempo no ar - ou seja, muitos anos. Aline era cheio de qualidades, desde a excelente atuação de - todos - os atores, passando pela linguagem dinâmica, exclusiva do seriado, aos referenciais da cultura alternativa, com bandas intelectualizadas que se preocupam com a qualidade das músicas. Tinha tudo para dar certo.

Mas não. Ironicamente, o episódio fez referências a morte da protagonista, mas no final, não só a protagonista sobreviveu, como o clima de festa mostrado - ao som da banda underground CSS, pela primeira vez na Globo, creio - sugeria um gostinho de quero mais. Pena ter acabado.

Mas o Big Brother continua, e continua...

Na contramão, o programa mais besta da TV brasileira, um mostruário de péssimos atores, falando bobagem caídos na beira de uma piscina, numa pseudo-pornochanchada insossa com roteiro frouxo, mas previsível, o Big Brother Brasil, já está para ser renovado por mais... 9 anos! Argh! Eca! Mais nove anos aguentando essa gaiola televisiva, esse hospício videográfico?

Isso prova para que serve a TV aberta: para gente sem preparo intelectual, que deveria urgentemente voltar ao jardim de infância e aprender tudo de novo e ler mais livros. Enquanto eles continuarem totalmente deseducados, vão continuar assistindo a essa besteira que nada traz de construtivo para a vida de ninguém.

Mas como estamos num país onde uma gigantesca horda de imbecis, que costuma largar tudo por causa de festas inúteis, acredita que a salvação e solução de todos os problemas virão numa realização de uma copa chinfrim, o Big Brother é que é o programa que todos querem.

Depois ainda reclamam quando outros dizem que o Brasil não é um país sério. Esquindô, esquindô...

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