Com vocês, o incrível... EU!

Há alguns anos, está virando moda entre os álbuns nacionais na música de mercado, a colocação de títulos narcisistas, do tipo "eu sou assim", "sou eu" "do meu jeito", "meu isso", "minha aquilo", etc..

Não se sabe se é falta de criatividade ou se quem coloca acha que é legal esse narcisismo. Como se achar "o tal" fosse sinônimo de conscientização e honestidade. É o que os incautos chamam de "ser autêntico". Autêntico coisa nenhuma!

O narcisismo pode ser uma ótima maneira de vender discos, já que o ingênuo fã pensa que o seu ídolo está sendo ao mesmo tempo anti-comercial e ideológico, ao assumir uma postura "autêntica". Mas o que ninguém sabe que nada menos autêntico do que posar de "autêntico". Os verdadeiros autênticos não ficam espalhando que são "autênticos" se tem que provar a toda hora, é porque não é.

Recentemente, dois jovens nomes da música resolveram se unir ao grosso time das celebridades musicais que colocam nomes narcisistas em seus discos: Fiuk e Diogo Nogueira, ambos com álbuns denominados Sou Eu (cadê a criatividade?). Era melhor ter escolhido outros títulos.

O narcisismo é visto como sinônimo de conscientização pelos fãs de hit-parade, normalmente ingênuos e incapazes de discernir sobre a diferença entre a arte e o entretenimento de mercado. Para estes, o narcisismo soa como atestado de desvínculo das regras da música de mercado, o que na maior parte dos casos não se vê na prática.

Os reis do narcisismo

A onda narcisista teve o seu auge com a banda santista Charlie Brown Jr. Muitos fãs pensavam que a banda era politizada só por causa desse narcisismo. Para elas parece que narcisismo era o lado prático do auto-conhecimento - que muitas vezes nem existe - e da politização, pois "saber quem você é", mesmo falsamente, dá a impressão de que o cara sabe se safar, de que não será enganado por ninguém. E aí é que é enganado mesmo.

Outro exemplo de narcisismo, mas colocado de maneira bem diferente a banda santista, mas igualmente enganadora é a do Chiclete com Banana, que de uns 15 anos pra cá só grava músicas auto-contemplatórias, que faça os fãs terem, orgulho de serem "chicleteiros", mesmo com letras que soam imbecis até para quem tem apenas 5 aninhos de idade.

Narcisismo na música estrangeira

O narcisismo aparece na música estadunidense e na latina (na música europeia é mais raro de acontecer) sobretudo no Hip Hop e na dance music (rotulada como pop, e pelos incautos coimo "rock) , que rola nas rádios e Tvs do mundo inteiro. Lá não é comum títulos narcisistas, mas sim a postura do tipo "eu sei o que estou fazendo" e poses e coreografias em clipes que sugerem arrogância, além de frases auto-afirmativas em entrevistas.

Os "autênticos", como gostam de ser chamados, agem como se soubessem de tudo e como se aquelas bobagens que eles cantam (acham que eu estou sendo cruel? Assistam o TVZ no canal Multishow legendado e vejam traduzidas as letras de débil mental do pop americano, para saberem que estou com a razão) fossem dizer alguma coisa de relevante para a juventude normalmente alienada.

A moral da história: quer artistas realmente autênticos? Fuja das paradas de sucesso e procurem nomes que sejam mais intelectuais* o possível. Esses não vão ficar perdendo tempo com narcisismos que não levam a nada. Aliás, nem precisam.

-----------------------------------------------
*NOTA: Não confunda "intelectual" com bobagens para ricos tipo Ray Conniff, Kenny G, Julio Iglesias, Celine Dion ou qualquer coisa que pareça com esses três, além dos Zilhões de discipulos da mega-chata Whitney Houston - que são hit-parade para adultos, tão bocós quanto as nulidades que são empurradas goela abaixo dos jovens. Muito menos os meramente sacolejantes Michael Jackson e Madonna, que levaram o entretenimento puro da música dançante a altíssimos patamares que confundem bastante os seus fãs.

A verdadeira intelectualidade se percebe pela profundidade das letras e pela postura analista e questionadora, nunca admitindo que o mundo que está aí é o "correto".

Comentários

Postagens mais visitadas deste blog

Canção do Ultraje a Rigor é plágio de música de banda francesa de new-wave

Personagem de novela me fez chorar sinceramente

Eu detesto feriados