O falso sucesso dos popularescos no exterior

Para vender um produto, se faz de tudo. Todo e qualquer tipo de publicidade tem que lançar mão de toda criatividade e capacidade de convencimento para garantir a venda daquilo que produz, mesmo que seja de gosto e utilidade duvidosas.

E se aproveitando da credulidade do brasileiro e do baixíssimo nível intelectual - notado também entre os jovens ricos e em portadores de diploma, o que mostra que boa escolaridade não é sinônimo de intelecto e boa cultura - os empresários que gerenciam o entretenimento do Brasil, resolveram inovar para vender os duvidosos nomes do popularesco (axé, pagode, "funk", "sertanejo", brega e similares - a música de "povão") de maneira garantida.

Antes de citar qual tática adotada, convém lembrar que o brasileiro não tem o hábito de pesquisar durante os períodos de lazer. Para o nosso povo, o lazer é período de descanso e só são bem vindas atividades que exijam o menor esforço possível, mesmo que seja intelectual. Cérebro se guarda para usar no trabalho. No lazer ele deve ser aposentado.

Se baseando no desinteresse do brasileiro em correr atrás de informações, os empresários tiveram uma ideia "brilhante": forjar um suposto sucesso internacional dos nomes do popularesco, para dar ilusão aos fãs brasileiros de que eles estão sendo valorizados fora do país.

Os brasileiros parecem tolos. Se esquecem que nos países mais evoluídos, a população não é facilmente enganada pelas armações do hit-parade local, o que dirá de algo vindo de um mero país subdesenvolvido. O sucesso normalmente se dá pelos brasileiros que residem no exterior (pô, será que nem morando em país evoluído eles conseguem desenvolver seu intelecto?) e quando alcança o público estrangeiro, o popularesco é visto como uma tolice, uma brincadeira.

E no exterior, o populacho que aqui é tratado como "deus", nunca é visto como "herói cultural", imagem que ganha quando seu suposto sucesso internacional repercute por aqui, onde os brasileiros tem como única fonte de informação a mídia local, que mente o tempo todo para vender o seu produto. E sabendo disso, a mídia brasileira se apressa em divulgar a mentira repetidas vezes até se tornar uma verdade inquestionável.

Exemplos clássicos que enganaram os brasileiros

Não foram poucos os exemplos dessa tática. Geralmente ela se caracteriza pelas seguintes etapas:

- A divulgação por meio de algum brasileiro que vive no exterior
- Compra de alguns poucos meios de comunicação estrangeiros
- Aluguel de espaços para shows
- Cooptação de brasileiros para aumentar o número de adeptos
- Divulgação do feito na imprensa brasileira, de modo maciço

Normalmente se dá desta forma. Mas pode acontecer de outras, como no caso da lambada, em que um grupo fajuto, chamado de Kaoma, formado por desempregados brasileiros foi montado por um empresário francês para ser o representante oficial daquela onda que só aumentou ainda mais a má fama do Brasil como um "país do sexo livre". Para piorar, roubaram uma música latina e mudaram o título para "Lambada" para tentar vender no exterior. Fez algum sucesso real, mas com o tempo virou piada lá fora, graças aos filmes horrorosos que fizeram sobre o tema.

Chitãozinho e Xororó, Sandy & Júnior (que atualmente forçam a barra, negando o popularesco que os pariu) e Alexandre Pires (este último adotado provisoriamente por Emílio Estefan, dono da marca Miami Sound Machine, que lançou a sua esposa Glória para a carreira de cantora romântica), tentaram carreiras nos EUA, mas o público de lá enxergou neles, cópias de nomes já desprezados pelos ianques.

No início da década de 90, quando a menudomania estava acabada há tempos, Gugu Liberato, inscreveu a sua cria Dominó, para dançar num pequeno festival no Oriente Médio (???), mas a repercussão do feito se limitou à audiência do programa do loirinho seboso.

Marketing audacioso, mas nem tanto...

As tentativas de exportação dos populachos ainda não acabaram. Pelo contrário, se tornaram mais agressivas, visando sobretudo a credulidade do povo pobre, sem educação, cultura e fontes de informação que não sejam as que chegam até eles. Gente que quando usa a internet, é somente para confirmar suas crendices aprendidas via TV.

Falou-se muito no sucesso do "funk" carioca pela Europa. Pelo que se soube de fato, é que esse sucesso não era tanto assim. Uns nomes chegaram a cantar em biroscas nos subúrbios das principais cidades europeias, mas a repercussão por lá foi nula. Os funqueiros brasileiros, aqui metidos a engajados revolucionários, foram vistos pelos europeus, na melhor das hipóteses, como uma dance music mais pornográfica. E ficou nisso, embora os fãs brasileiros se empolgassem com a falsa repercussão.

A Rainha e sua festinha particular

Do mesmo modo que o também populacho crooner Elymar Santos (o "Daniel" da década de 80, sem repertório próprio), que alugou o Canecão na tentativa - bem sucedida - de ser famoso, uma cantora brasileira, famosa pela sua arrogância e pedantismo, resolveu fazer o mesmo, só que lá fora, nos "isteites".

Foi o seguinte: em 2010, a cantora Ivete Sangalo, esperta como só ela, resolveu forjar por conta própria, uma suposta carreira internacional. Com o enorme dinheiro que possui - ninguém confirma, mas há indícios que ela seja a mulher mais rica do país, em rendas conseguidas com ganho próprio -, a abelhuda resolveu alugar a casa de shows mais famosa dos EUA, O Madison Square Garden e fazer um concerto para os fãs brasileiros que ela conseguiu levar para lá em dois jatos cedidos pela companhia aérea que patrocina seus shows.

Sangalo, que há muito tem tentado, desesperadamente, convidar nomes do pop mundial para fazer duetos na marra, como forma de auto-promoção, conseguiu convencer apenas a bela cantora canadense Nelly Furtado (que viu a carreira naufragar após trocar seu pop levemente sofisticado por uma dance music metida a "sensual", com perda de fãs), o latino Juanes (que não é pra lá grande coisa, tanto em qualidade musical como em sucesso de público) e um nome desconhecido que não me interessa lembrar. Sangalo pagou apenas um jornal para falar sobre o evento. Alguma repercussão local, mesmo falsa, teria que ser criada.

Na volta ao Brasil, com todo o show registrado em DVD e CD, inicia uma turnê brasileira que usa a tal casa de espetáculos no nome, criando uma euforia em seu público, com o já desmentido sucesso internacional que não conseguiu convencer que está por dentro do que acontece fora do nosso país.

"Seu te pego" não pegou ninguém

Outro caso que está dando o que falar e é a razão de eu estar escrevendo esse texto, é o do cantor de brega-pegação Michel Teló.

Tudo começou com um bando de jogadores brasileiros do Real Madrid que encanaram de levar gravações do fedelho. Convém lembrar que o mau gosto musical dos jogadores brasileiros de futebol é bem famoso e tradicional. Os gringos gostaram - sem levar a sério, claro -, mas ficou nisso.

Não se sabe como foi feito, mas foi encontrado no YouTube um vídeo onde aparecem soldados israelenses se entretendo com a famosa música de Michel Teló. Não fomos informados se a música tocou lá realmente ou se foi uma montagem.

Do mesmo modo, uns poucos anos atrás, circulou um outro vídeo em que uma torcida de um time sueco de futebol supostamente entoa o "Rap da Felicidade". Foi descoberto posteriormente que na verdade estavam cantando a melodia de Your Love, do obscuro grupo australiano The Outfield, plagiada pelos funqueiros brasileiros. Aliás, antes do "Rap da Felicidade", outro funqueiro brasileiro havia gravado uma outra versão de Your Love em uma coletânea.

Do mesmo modo que a associação dos torcedores suecos com o "funk" carioca foi uma fraude, o sucesso de Teló também pode ser, já que não há referências do sucesso internacional dele em sites estrangeiros. Ou seja, os brasileiros que defendem a existência do suposto sucesso internacional do cantor brega o fazem por pura credulidade, sem verificar os fatos.

Moral da História

Os estrangeiros de países mais evoluídos, por mais ignorantes que sejam, não são tão crédulos quanto os brasileiros. Eles possuem o hábito de verificar os fatos e analisar aquilo que chaga até eles. Aliás, nem mesmo os mega astros estrangeiros que aqui chegam como "verdades absolutas", fazem tanto sucesso em suas localidades de origem.

Uma prova que uma educação de qualidade e o desenvolvimento do senso crítico , além do estímulo à intelectualização social conseguem proteger a população de ser enganada por "urubus" da mídia, dispostos a ganhar muito dinheiro com a crendice popular, vendendo as mentiras que produzem sem cessar.

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