Trote: uma tradição imbecil

ESPREMENDO A LARANJA: Uma coisa das mais ridículas e que mostra quem nem mesmo os universitários possuem senso crítico e senso do ridículo é vê-los com o corpo pintado com desenhos ridículos pedindo migalhas de moedas como se fossem mendigos. Será que eles não tem firmeza para dizer "NÃO!" para quem os obriga a passar vergonha desta maneira?

E dizer que serão estes imbecis paus-mandados que irão administrar e/ou executar os serviços necessários para nossa sociedade...

Concordo com o que está escrito e foi um achado, um texto importante para ser refletido.

Trote: uma tradição imbecil

Posted 4 hours ago by Antonio Marcos - Blog Testamenta

Caminhando pelas ruas nessa época do ano, é comum vermos cenas típicas - e ridículas - como a de calouros de universidades pintados e pedindo dinheiro aos pedestres, e até nos sinais fechados. A desculpa é a de terem que cumprir uma "meta" de alguns reais para uma "confraternização" no final do dia com os calouros.

Bom, vou logo ao cerne da questão, só pra começar a conversa: vocês querem o meu dinheiro suado para beberem até cair? Ora, porra, mas tinha cabimento essa sem vergonhice!!! Sustentar bebedeira dos outros? Pois sim! Chego a ter vergonha de ter sido universitário, ainda mais de Letras, porque é nas Letras que se encontram as camisas com a cara do Che Guevara, que se encontram os discursos politizados, que se encontram as manifestações políticas (muitas só no discurso também), e NADA SE FAZ FORA DISCURSO DE EFICAZ E RELEVANTE! A não ser, é claro, chopadas e encontros dos estudantes de Letras, onde, é claro, há mais chopadas.

Tenho vergonha, muitas vezes, de ter pertencido a uma universidade onde a leitura, que é a base da transformação social e pessoal, é relegada à obrigação para fins de verificação mensal. Essa é a Humanas que queremos? Um bando de bêbados e alienados andando a esmo pela rua pedindo dinheiro para se embebedar numa confraternização???

Há tanta coisa que se podia fazer nos trotes de construtivo, de RELEVANTE, com responsabilidade social, como doação de sangue, rodas de leitura em creches ou comunidades, uma manifestação pró-leitura, hospitais a serem visitados, principalmente nas alas infantis para contação de histórias, quem sabe até ajuda em canis para animais abandonados? Uma campanha para que não se suje as ruas...

Hoje (Dia 08/03), por exemplo, foi dia internacional da mulher. Eu, pessoalmente, não concordo com esse tipo de institucionalização do respeito alheio, mas, para quem concorda, por que não os diretórios acadêmicos já terem providenciado toneladas de rosas para que os calouros oferecessem às mulheres nas ruas, com um mensagem de um escritor à sua escolha, por exemplo? Há tanto para fazer e, paradoxalmente, tanto discurso em prol deste tanto a fazer e nada se faz.. Ou melhor, faz-se, sim: chopadas.

Para o que há de mais irrelevante há sempre uma grande mobilização, mas, e para o que de fato pode mudar uma meia dúzia de mentalidades e levar conforto a outra meia-dúzia de almas? Não sugiro nada de improviso, sugiro ações coordenadas antes da entrada dos calouros por parte dos diretórios acadêmicos para que, no dia do ingresso dos calouros, tudo já esteja pronto. Mas é muito mais fácil perpetuar uma tradição imbecil de bebedeira com o dinheiro dos outros igualmente imbecis que o dão.

Que haja confraternização? Sim, que haja! Que se beba até cair? Ok, cada um é dono de seu nariz e de outras partes do corpo. Mas por que não confraternizar depois de uma mobilização em prol de algum setor da sociedade que precisa de ajuda? Por que não uma grande chopada depois de uma grande mobilização em frente ao Hemorio?, ou a alguma creche? O que mais me dá pena, não sei se nojo ou revolta, são as mentes abaixo da linha aceitável de sociabilidade, que fazem esse tipo de trote idiota "porque ano passado fizeram comigo, então esse ano vou descontar".

Tenho nojo desses diretórios acadêmicos inertes, parasitas, imprestáveis cuja única função é promover nada! E tenho muita pena da sociedade em geral, porque a sociedade espera, principalmente dos centros de promoção do pensamento, de criação e iniciativa de mudanças sociais, como um campus de Letras, exatamente essas mudanças.

Mas as mudanças não vêm, não vem porque estão afogadas no álcool da estupidez, do egoísmo e da falta de visão comunitária. Cansei de ver discursos sobre revolução, sobre comunismo, sobre opressão dos ricos, sobre corrupção de governantes, sobre didatura e censura na informação e, quando essas mesmas pessoas que fazem esses discursos vazios têm a chance de mostrar que podem fazer a diferença através de suas ações, mesmo que pequenas ou pontuais, mas que são ações EFETIVAS, nada fazem, preferem organizar trotes constrangedores, envolvendo coerção de simulação de atos sexuais, bebedeiras...

Acho que, quem quisesse, afinal, são jovens, poderia tranquilamente fazer tudo isso, mas não APENAS isso. Se isto é o que tem saído dos nossos centros universitários de ciências humanas, então temos mesmo o país que merecemos e a sociedade em que vivemos. Tenho vergonha e pena de vocês, universitários, mas, felizmente, não de todos vocês, porque ainda vejo movimentos de resistência cultural à tradição do ignóbil e do hedonismo porco, burro, lamentável.

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