A cultura vai evoluir perdendo qualidade?

Com a - paliativa, diga-se de fato - melhoria financeira das classes mais humildes, resultando no surgimento de uma nova "Classe C", setores da mídia, sem se preocuparem coma evolução intelectual desta classe emergente, resolveram baixar o nível de seus programas e de tudo que passa neles na tentativa de agradar a uma classe que conseguiu melhorar a sua situação financeira mantendo todos os valores típicos de quem tem uma baixa escolaridade e visão equivocada da realidade.

Isso é péssimo para a cultura brasileira, ao transformar uma classe que nasce sem referenciais sólidos e que acredita num mundo fantasiosos criado pela mídia interesseira, focada apenas no lucro fácil, em uma classe influente. Péssimo e até perigoso, pois tudo será ensinado de forma errada para uma imensa massa que já acredita em tudo da forma errada, perpetuando valores que já deveriam ser extintos há décadas.

O pior que para a maioria, o que acontece hoje é considerado como uma evolução, naquela tese equivocada de que o que é novo é sempre melhor que o anterior. Errado.

Novidade não é qualidade, nem defeito. Se refere apenas a um critério temporal, cronológico. E quando você aprende errado, adquire a capacidade de fazer pior que o mais antigo, resultando numa coisa nova que é pior que o antigo.

Decadência cultural começou nos anos 70

Fatos comprovam que a melhor década da cultura em todo o mundo foi a de 60, principalmente na segunda metade (a primeira ainda teve a influência da década anterior). E não é questão de gosto, embora valha a pena curtir as músicas dessa melhor fase da cultura.

Mas com o péssimo hábito de muitos nomes da década de 60 usarem drogas acabou desmoralizando o movimento, fazendo com que seus opositores ao invés de continuarem a evoluir a carreira eliminando as drogas dela, preferissem resgatar as antigas formas culturais (estas sim piores no sentido evolutivo), na tentativa de corrigir isso.

Claro que a decadência cultural foi bem lenta e gradual, pois até o final da década de 80 ainda temos a oportunidade de ouvir muitas coisas realmente geniais. Mas a partir dos anos 90, a cultura mundial, com o fortalecimento do capitalismo causado pela queda do Muro de Berlim e do enfraquecimento político/econômico do Leste Europeu, levou uma baita coronhada dos empresários que investiram em cultura, gente que não sabe o que é cultura e trata, por exemplo, a música como se fosse uma caixa de sabão em pó. Aí o resto a gente conhece.

Hoje tentam dissociar o comercialismo da cultura. Mas o parasitismo financeiro encravado nela está tão forte que essa dissociação acontece só no discurso, já que a cultura hoje só serve mesmo como forma de gerar dinheiro fácil para os pobres que não querem trabalhar em funções braçais, mas não tem o intelecto preparado para uma função de responsabilidade. Como se a cultura não tivesse responsabilidade social.

Aí vivemos hoje numa sociedade cada vez mais emburrecida, desprovida de criatividade e personalidade, submissa a mídia e completamente alheia a intelectuais que poderiam orientar esta mesma sociedade a caminhar com a próprias pernas, rumo a verdadeiras conquistas, não a esse consumismo que só serve para iludir aqueles que já vivem iludidos pelos mentirosos que aparecem nas telas de TV.

Temos que recusar essa decadência cultural disfarçada de evolução, além de perceber que consumismo nunca é sinônimo de prosperidade. Pode até ser o oposto.

Cresci achando que a cultura poderia evoluir um dia, sem retroceder. Grande engano.

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