A morte de Donna Summer e a importância da Disco Music

O assunto mais comentado de ontem foi com certeza o falecimento da rainha da disco music Donna Summer. Apesar de ser um ritmo ligado mais ao entretenimento, Summer, que tinha formação mais soul, que também era compositora, sempre se esforçou para colocar algo mais no gênero, colocando qualidade naquilo que surgiu apenas como música de festa. A classe e a qualidade de Summer, raras em qualquer cantora de música dançante e ausente na maioria das cantoras de dance music atuais, fará muita falta, com certeza.

A preocupação com a qualidade musical de Summer, que ia além da própria disco a fez cometer excelente ousadias. Em 1976, eu morava ainda no bairro do Barreto, em Niterói e meu pai, vindo de uma viagem a trabalho, trouxe uma cópia importada do álbum A Love Trilogy, de Summer, que ele gostou muito. O álbum era pura disco music, mas muito bem produzido, com músicas compostas pela própria cantora e curiosamente divididos em uma única suíte, como no Rock Progressivo (que ainda estava em voga na época). O álbum nada tem da influência do genero consagrado pelo Pink Floyd, a não ser esta curiosa divisão de seções de uma suíte, em torno de um único tema (que o progressivo pegou obviamente da música erudita). Havia inclusive músicas bem longas, ótimas para dançar sem parar em festas (o álbum veio sob medida para os DJs da época).

Outra ousadia de Summer, talvez a sua maior, foi ter se aliado com o músico eletrônico Giorgio Moroder, uma espécie de "Kraftwerk" italiano radicado nos EUA (e responsável pela produção - junto com Phil Ramone, o parceirão de Billy Joel - e arranjos de A Love Trilogy), que criou com ela a subdivisão techno-disco, onde no lugar da batida funky costumeira no gênero, ouvia-se a mais pura música eletrônica, como uma espécie de versão dançante do gênero criado pelo alemão Karlheinz Stockhausen (que foi muito influente para muitos músicos na década anterior). Dessa união surgiu I Feel Love, que é justamente a música que mais gosto da cantora, além da gravação de 1983, She works hard for the money, que era um funk mais rápido.

Summer sempre foi um diferencial da disco music, tentando colocar arte naquilo que era só festa e com certeza muita gente que aprendeu a gostar de disco music com ela, recebeu ontem uma péssima notícia. Até porque, mesmo não gravando discos, seus shows ainda eram feitos e mostravam a cantora totalmente em forma, com a mesma bela voz e a capacidade de mostrar o que sempre soube fazer: disco music de qualidade boa para dançar, mas também boa para ouvir. Perdemos uma verdadeira rainha. Que pena.

O que é realmente a disco music

A disco music, embora para muitos seja sinônimo de "arte superior", nada mais é do que a dance music dos anos 70. Mas a sua diferença é que havia um capricho maior nos arranjos instrumentais. As letras eram em sua maioria tolas, mas isso não era sinal de incompetência, já que o desprezo pela letra era proposital, já que o que interessava era o ritmo e os arranjos. A letra servia apenas como pano de fundo.

A disco music era uma mostra de que era possível fazer música comercial de qualidade, com arranjos caprichados e ritmos empolgantes, fazendo algo que não seja apenas feito para dançar, mas agradável de se ouvir. 

Eu mesmo gosto da disco music, embora admita a sua função exclusivamente lúdica. Sempre há alguma coisa de disco music nas seleções de mp3 que levo para ouvir na rua.Os instrumentais densos e empolgantes de muitas musicas do gênero massageiam meus ouvidos.

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