Os 40 anos do Clube da Esquina

Eu era para ter escrito esse texto um pouco antes, mas só agora encontrei a oportunidade. Coincidentemente, é nesta semana que consegui readquirir o álbum-manifesto do famoso movimento musical mineiro, que eu havia perdido no meu deslocamento a Niterói (cidade que - pasmem! - serviu de inspiração para as composições para o álbum, ensaiado numa casa na Praia de Piratininga, praia que eu frequento).

Neste ano, o famoso álbum Clube da Esquina, creditado a Milton Nascimento e Lo Borges (embora um monte de bambas como Beto Guedes, Wagner Tiso, Eumir Deodato e a subestimada cantora Alaíde Costa, ajudaram a enriquecer o irretocável conteúdo dessa obra prima) completa sua quarta década. Como eu havia dito, é uma espécie de manifesto do movimento mineiro, como o álbum Tropicália, de 1968, foi do movimento tropicalista.

O álbum é memorável. Uma concepção artística quase impossível de se fazer hoje, com algumas ousadias para a época e forte influência do rock progressivo. Tiso e Deodato repartem os arranjos (geralmente um arranjava algumas faixas e o outro, outras), com absoluta perfeição e respeitando a distribuição dos instrumentos. Destaques para faixas semi-instrumentais, onde a voz apenas participa da criação melódica, como na bela e rara versão para Clube da Esquina n° 2 e na ultra-criativa e belíssima Lília, que faz referência a Cravo e Canela, outra faixa do mesmo álbum. É nítida a influência de Gentle Giant e Syd Barrett em algumas faixas. Outras como Dos Cruces e San Vicente, têm a influência da música espanhola.

É um prazer para mim ter esse álbum em minha discoteca pessoal. Fiquei chateado quando eu havia perdido. É uma verdadeira obra de arte de um tempo onde música era realmente música e não essa bobagem atual que só serve para fundo musical de bebedeiras em festas frequentadas por gente irresponsável. 

Nem sei o que passava nas cabeças de Milton Nascimento e Lô Borges  quando decidiram fazer este álbum. Talvez nem tivessem imaginado que estavam fazendo uma obra-prima definitiva, a ser guardada por toda a eternidade.


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