Temos cultura, mas só para dançar? Cadê a cultura para pensar?

Seja autêntica ou falsa, noto que, para a maioria das pessoas, o que é levado em conta pelas autoridades que gerenciam a cultura, há uma priorização na expressão corporal, vulgarmente conhecido como "danças". Seja no carnaval, festejos juninos ou qualquer outra manifestação considerada cultural, praticamente se monopolizou a dança como forma de comunicação cultural.

E o pensamento? A transmissão de ideias? A evolução intelectual? Onde ficam? Pelo jeito a cultura entrou na epidêmica onda do anti-cabecismo, quando tudo que é relativo a intelectualidade é reprovado por quase toda a sociedade.

Para a maioria das pessoas, pensar exige esforço. A sociedade brasileira prefere deixar o raciocínio para as horas de trabalho e estudo. Nos momentos de lazer, quanto menos racional for, melhor.

Consciência crítica não é sinônimo de tristeza, mesmo que entristeça

Para complementar essa aversão ao raciocínio, costuma-se fazer uma falsa associação entre ser intelectualizado e ser infeliz. Um erro. 

Apesar da percepção de que as coisas não são tão boas como parecem trazer tristeza, ser racional não é o mesmo que ser triste. A tristeza vem da sensação de incapacidade da pessoa intelectualizada em resolver tais problemas, que poderiam ser resolvidos coletivamente. Mas a maior parte da população prefere fugir dos problemas, se escondendo atrás de alguma futilidade.

Mesmo que danças tenham lá sua importância, elas em nada estimulam o desenvolvimento intelectual da sociedade, servindo apenas de forma de comunicação estética e lúdica. Só para divertir, mesmo, e mais nada.

Esse anti-cabecismo, assim como qualquer forma de desprezo por tudo que seja intelectualizante, acaba por empobrecer ainda mais a nossa cultura, quase toda focada em danças. Não dava para aparecer novos movimentos culturais que possam realmente trazer alguma evolução intelectual para a sociedade?

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