A MTV brasileira poderá ser extinta

Para quem gosta de assistir a bons clipes como eu, essa notícia caiu como uma bomba. Mesmo com o YouTube disponibilizando uma rajada de clipes para assistir (boa parte deles muito mal editado, por pessoas que simplesmente jogam os vídeos como estão), não é a mesma coisa do que vê-as na MTV (Music Television). Não se tem o mesmo prazer.

A MTV estrangeira surgiu em 1981 e a brasileira cerca de 9 anos depois. Ela foi bastante importante para a utilização da imagem como ilustração para as músicas, ajudando na divulgação destas e oferecendo novas possibilidades de criação. Muitos nomes acabaram famosos pelos seus clipes, mais do que suas músicas, como a banda Duran Duran. Até mesmo o superestimado Michael Jackson teve o seu prestígio construído através dos clipes, muito mais surpreendentes que sua música. Como vê, a MTV fez história.

Comecei a assistir a MTV em 1995 (pois em Salvador só chegou 5 anos depois do resto do país, embora eu tivesse lido muito sobra a inauguração da franquia brasileira em 1990) e achei uma coisa fora de série. Assistia muito. Bons apresentadores, que demonstravam vem informados e simpáticos, sem o pedantismo dos radialistas de FM, faziam o diferencial. 

Uma programação criativa que respeitava a diversidade, a ponto de ser a única emissora de TV a respeitar quem não curte futebol, oferecendo uma programação alternativa durante as copas. Alguns então VJs (Vídeo Jóqueis, apelido dado carinhosamente aos apresentadores da casa) eram assumidamente alheios ao esporte mais popular do país, como Carla Lamarca e João Gordo. A emissora também vinculava anúncios estimulando o questionamento e o discernimento, além de vinhetas pedindo para desligar a TV por um tempo (nossa!) para se ler algum livro.

Ultimamente, a MTV, contrariando o próprio nome, dava pouco espaço a clipes, priorizando uma diversidade de programas. Claro que havia os tediosos reality-shows (a MTV é pioneira nisso), mas havia outros tipos de programas que deixavam a programação ainda mais divertida. Ela também foi a pioneira no primeiro desenho animado 100% nacional de produção regular (em série), que é A Turma do Fudêncio, que eu gostava muito.

A MTV é propriedade da Viacom, que também é dona da Nickelodeon (rede de TV que lançou os pitéus Miranda Cosgrove e Ariana Grande, que estão entre minha musas favoritas). No Brasil, é franquia da Abril (dona da famosa editora de mesmo nome), que também franqueou a ESPN, o mais independente dos canais de esportes.. A Abril pretende se livrar da franquia e o destino da MTV brasileira é incerto. Há possibilidade de extinção, mas se refletirem sobre o prestígio e a utilidade da MTV para o entretenimento juvenil, essa hipótese pode muiet bem ser descartada.

Até porque a MTV sempre foi um celeiro de grandes profissionais. Muitos dos que começaram como VJs  na emissora, se consagraram como grandes profissionais da comunicação, emprestando seu talento e prestígio a muitos programas espalhados por outras emissoras.

Tomara que não seja extinta, para a alegria de todos aqueles que fizeram ser durante muitos anos a rede de TV preferida dos jovens, a única que fala - literalmente e por vocação - a língua deles.

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