Mais uma bobagem para divertir e não se levar a sério

A moda do momento lançada neste mês no mundo com certeza é o tal de Psy, um sul coreano que fez um rap Gangnam Style, que fala - em idioma sul-coreano, com algumas palavras em inglês inseridas - de como seria bom viver como se vive em Gangnam, bairro rico de Seul. 

De quebra, o clipe apresentou ao mundo a belíssima modelo, dançarina e cantora (muito famosa por lá e que não canta no clipe de Psy, apenas dança) Hyuna, que na carona do sucesso, ainda gravou uma outra versão da mesma música, com o ponto de vista feminino (e mais sensual) sobre o mesmo assunto e tendo o próprio Psy como convidado.

Até gostei da música e do clipe, que é muito engraçado, com uma estranha coreografia claramente cômica, filmado em várias localidades do citado bairro nobre de Seul. A música lembra uma ítalo-house melhorada, com batida eletrônica forte e bem mixada e a melodia que martela na mente. A música foi originalmente lançada por lá pela gravadora YG Entertainment, que é uma poderosa major multinacional que reúne várias gravadoras de países do extremo oriente. Nos EUA é representada pela Universal Music.

Mas é uma brincadeira e Psy deixa isso claro no clipe, cheio de humor assumido. Sul-coreanos, famosos pela sua educação escolar bem qualificada, nunca iriam posar de sério com uma bobagem, como fazem os brasileiros, que tratam qualquer palhaçada com seriedade rígida, a ponto de brigar para defender tal bobagem.

Psy não se leva a sério, tendo a absoluta consciência de que o que ele faz (ele é o autor da letra e um dos autores da parte instrumental) não passa de uma saudável brincadeira. O sucesso dele mostra que as pessoas hoje não querem mais mensagens de conscientização e estímulo a evolução intelectual: querem mesmo é se divertir feito crianças, pulando ao som de mensagens sem sentido.

Do mesmo modo que os brasileiros empurram goela abaixo essa tolice de Michel Teló, A Coreia do Sul fez com Psy, com a vantagem de que o sul-coreano não posa de "sério" muito menos de "cultural". Ele mesmo é o primeiro a admitir que é uma bobagem, enquanto o brasileiro tenta provar a todo mundo a absurda tese de que a cultura brasileira vai evoluir através de cretinos popularescos como ele e tantos outros inúteis que estamos cansados de ver por aí.

Claro que Psy será esquecido, A música dele não foi feita para ser eterna. É uma brincadeira para curtir na hora do lazer, durante alguns minutos. Seu sucesso não vai transformar nenhum cidadão em um morador privilegiado de Gangnam (espécie de "Barra da Tijuca" de Seul). Nada além de uma agradável brincadeira. Até eu entrei na onda, mas sem levar a sério, tendo a absoluta consciência de sua inutilidade cultural.

O clipe é divertido e a música é até legal, mas existem em seu contexto de pura diversão e deve permanecer lá. Nunca deve ser entendido como exemplo de cultura coreana (até porque o ritmo lembra muito a dance music produzida pelos DJs belgas e italianos, provavelmente aprendida pelas rádios sul-coreanas que tocam o que vem de fora). A Coreia do Sul com certeza deve ter coisas muito mais consistentes para mostrar ao mundo. Até mesmo por causa de sua educação exemplar.

O que não pode é a população brasileira se iludir e pensar que, através dos ídolos postiços (um desses ídolos postiços, o dispensável cantor de dance music, Latino, se apressou em gravar uma versão piorada da música de Psy, como havia feito com outros modismos estrangeiros), que produzimos a cada dia, estamos com a cultura em alta, que estamos evoluindo, mesmo sendo representados por uma verdadeira horda de cantores e músicos sem vocação e sem ter o que dizer e que se beneficiam do rótulo de "culturais" para ganhar - muito - dinheiro com as bobagens que vomitam em nossas caras através da televisão.

Em país que não é sério como o Brasil, bobagens são insistentemente levadas a sério.

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