A novela das 21 horas e a submissão do brasileiro pela mídia

Sexta-Feira, no Facebook, houve uma enxurrada de postagens celebrando o último capítulo da novela Avenida Brasil. Nada contra, mas deu a impressão que todo mundo largou seus afazeres somente para assistir a fatídica final. Parecia época de copa, onde a hipnose coletiva direcionava todos a um só foco.

O povo brasileiro há muito tem demonstrado ser um povo modista, que segue a maioria por achar que maiorias estão sempre certas. Talvez isso seja influenciado por eleições e enquetes, onde a vontade da maioria é levada em conta. Vivemos numa espécia de democracia da maioria, não uma democracia de todos. Quem não segue a maioria sempre fica na mão, esperando a ajuda que nunca vem e que é farta para quem segue a maioria.

Voltando a novela, a maciça adesão da população a algo fútil, inútil e que nada contribui para a qualidade de vida, além de difundir uma ideia errada da sociedade, impondo valores e conceitos, automaticamente adotados pela sociedade. Isso mostra a capacidade do poder midiático de influenciação na mente das pessoas que não possuem capacidade ou vontade de usar o discernimento e decidir por conta própria.

A Rede Globo vem conseguindo impor seu pensamento, transformando no inconsciente coletivo da nação, convertendo tudo que é difundido por ela em costumes e conceitos que a sociedade assimila e defende com unhas e dentes, fazendo com que a população se converta em um monte de robôs cujos fios elétricos são ligados nos aparelhos de televisão, que é o que faz estes "robôs" ganharem vida.

Ignorando a qualidade da novela, pois não é o assunto aqui (se bem que no0velas das 21 horas costumam ser piores, pois são submetidas à audiência, impedindo a espontaneidade e criatividade de seus autores), vamos reconhecer que a Globo foi bem longe, atraindo a audiência quase como um todo, num ato que pessoas e instituições mais sérias normalmente são incapazes de fazer. Alguém que queira, no Brasil, fazer uma passeata contra, por exemplo, aumento de impostos, não atrairia tanta gente.

Para piorar ainda mais, houve um jogo de futebol no final do capítulo, com boa parte do elenco na arquibancada, para fortalecer ainda mais o fanatismo futebolístico que nunca é curado em nossa sociedade cada vez mais infantilizada. A Globo, acionista da CBF, sempre se esforça para manter a chama do fanatismo pelo futebol bastante viva. Mesmo com o chatíssimo do Galvão Bueno como "cheerleader". Afinal, todos falam mal dele, mas no fundo, é com ele que a torcida sonha em comemorar o hexacampeonato.

E o circo dos horrores está completo, hipnotizando as massas e garantindo a inércia evolutiva de nossa nação, onde a religiosidade medieval ainda é forte, bebidas alcoólicas são consideradas indispensáveis e a falta de discernimento estimula brigas, mal entendidos e preconceitos resultantes da teimosia em defender as mentiras que a mídia difunde e as regras sociais consagram.

O Brasil vai ser a "nação-líder" do mundo de hoje desta forma? nem sonhando. A sigla "BRIC", que representa os quatro países supostamente na dianteira do pré-desenvolvimento, terá que encontrar outro país para fazer o papel de "B".

Com uma população majoritariamente infantilizada, que insiste com essa mania de transformar futilidade em necessidade, nenhum país terá a capacidade de liderar o mundo tão carente de discernimento.

Foi bom para a Globo, pois a audiência lhe garantiu muita grana. Para a população idiota resta acordar com a ressaca de uma festa (razão de ser do povo brasileiro) terminada, que só trouxe muita sujeira para que alguém possa limpar. Não é assim que toda festa termina?

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