Brega is not brega

No meu tempo de jovem, ser brega era ridicularizado. E com justiça, já que a "cultura" brega é tradicionalmente tosca, mercenária e burra. Merece mesmo ser tachada de ridícula.

Mas como é um tipo de "cultura" que estimula a estagnação intelectual, a mídia achou que tinha que criar um modo de fazer com que ela tivesse aceitação pela juventude e pelas elites. A solução: o "banho de loja" no visual e nos arranjos.

Colocam-se roupas modernas, consideradas elegantes, da moda em um jeca e constrói toda uma imagem de modernidade ao seu redor, incluindo cenários, posturas, gírias e até tatuagens. 

E não é somente no visual: melhora a articulação verbal, eliminando caipirismos e estimulando a boa pronúncia de palavras. Capricha-se na produção de músicas, com arranjos mais sofisticados (mesmo que toda a breguice esteja intacta, se disfarça com arranjos caprichados), vozes mais afinadas e tudo que para os leigos, possa soar como "melhoria".

Mas o que é realente importante: manter a essência brega, com letras e danças ridículas, defesa de valores decadentes e o apetite de ganhar dinheiro e ostentar riqueza, enganando plateias que iludidas com a origem supostamente miserável de seus ídolos, acreditam serem os mesmos o símbolo máximo da humildade, embora a prática vista nos ignorados bastidores mostre o contrário.

E é o entretenimento puro usando o nome de "arte" e "cultura" para destruir as mesmas através de ídolos fajutos do axé, "sertanejo", "funk", "pagode" brega e similares, "artistas" postiços de proveta que contribuem muito para que a nossa cultura nunca evolua, fazendo com oque ocorra o mesmo com toda a sociedade iludida com estas verdadeiras próteses musicais, disfarçadas de grandes gênios, graças às roupas de grife e os penteadinhos da moda.

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