Mania dos brasileiros em "canonizar" qualquer um que morre

Brasileiro é cheio de manias, todas travando a sua evolução intelectual. Não canso de falar de várias delas em meus blogues. E uma delas certamente é de transformar em "benfeitor da humanidade" qualquer um que morre.

Não se sabe o real motivo disso. Se é pelo desespero em aceitar a morte - que ainda significa um "fim" para a maioria das pessoas - de uma pessoa admirada ou do medo em ser assombrada pela mesma se reconhecer seus defeitos, os brasileiro tratam imediatamente de entupir qualquer sepultura de elogios e mais elogios, a maioria falsos, exaltando muitas vezes qualidades que o falecido nem tinha ou hiperbolizando as que ele realmente tinha.

Quem morre é imediatamente "canonizado" pela sociedade que o transforma em algo sobre-humano, como se a morte, o livrando da carne e dos prazeres mundanos pudesse garantir a eliminação de seus defeitos. Nada disso. O espírito é o ser humano sem o seu corpo e do contrário com o que acontece com títulos e patrimônios, a nossa personalidade nos acompanha no além túmulo, com direito a toda as qualidades e também todos os defeitos que insistimos em manter.

Por melhor que seja a celebridade morta, se trata de uma pessoa comum que, muitas vezes em sua vida particular, mais errou do que acertou e ainda tem muita coisa a aprender, tanto na erraticidade quanto em próximas vidas, seja lá em que situação vai estar. Se for materialista, vai ficar por aqui mesmo, se alimentando da energia podre que o planeta, ainda muito atrasado, insiste em oferecer.

Não vejo santidade nenhuma em qualquer celebridade que morra. Fez algo importante, ótimo. Só que o que me espanta é que no entretenimento (música, TV, esporte) e na religião, é que encontramos mais comoção aos que morrem. Justamente nos setores onde as tais celebridades em nada contribuem para a evolução do planeta. Quanto a intelectuais e cientistas, que mereciam muito mais os pêsames, por realmente contribuírem para a melhoria de toda a humanidade, morrem abandonados e ignorados. Isso confirma o fascínio do brasileiro por tudo que seja fútil e inútil.

A vida não acaba. E os espíritos continuarão como estão, com toda a sua personalidade intacta. Sem os corpos, poderão aflorar ainda mais qualidades e defeitos, ampliando-os e fazendo o uso de acordo com o seu interesse, já que mesmo depois da morte, ainda mantém o seus desejos e vícios, dependendo deles e apenas deles, se livrar do que está errado em suas personalidades.

Não choremos por nenhum. Ninguém foi extinto. Ninguém é finado. Ninguém é perfeito. Tudo continuará na mesma do outro lado, como acontece quando qualquer um se despede para alguma viagem. 

Ninguém melhora com a morte. A não ser que cada um, de maneira responsável, reflita sobre seus atos e analise se o que está fazendo é útil ou não para a evolução própria e de todos. Pois ninguém vira "santo" quando morre. Viraremos "santos" quando aprendermos a utilizar esse imenso patrimônio colocado em nossas cabeças quando estamos encarnados, que é o cérebro. Se continuarmos presos na viciosa ignorância que nos dá o falso prazer, continuaremos como estamos, seja lá, como aqui. Tão pagãos como estamos sendo em nossa vida cotidiana.

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