Quem não contesta, o mal o favorece

Nos dias de hoje, onde o discernimento é pouco ou nada usado e onde a confiança cega nas instituições ou em pessoas de prestígio substituiu o bom senso, ser contestador é um objeto de discriminação. Quem contesta acaba tendo fama de chato, de esquisito, de antipático e até de mal. O que piora se o alvo da contestação for uma ideia estabelecida, defendida por grande maioria ou alguma instituição ou pessoa de "respeito" (mesmo que esse respeito não seja merecido, devido as atitudes irresponsáveis do "respeitado").

Se esquecem todos que são sempre os contestadores que geram as grandes mudanças sociais. Se contestar fosse errado, estaríamos na pré-história até hoje. Se não estamos, é porque sempre apareceu alguém em cada e´poca para dizer que o sistema estava errado.

Cícero, cuja foto e a frase no título ilustram essa postagem, havia dito que o mal favorece a quem não contesta. Verdade. No Brasil de hoje, onde a contestação é quase nula, só vemos as coisas piorarem. Melhorias, só na aparência, para enganar os incautos.

Tradicionalmente, o brasileiro não é um povo contestador. Nunca participamos de uma guerra de verdade, protestos somente em clima de carnaval e com motivações que não causem mudanças radicais. Aliás, mudanças radicais nem pensar. Toda a vez que fazem pesquisas sobre isso, as mudanças radicais - muitas vezes necessárias ao país - sempre perdem. Como bom povo acomodado e não-contestador, deixar tudo como está é confortável.

Para piorar, as religiões dão uma gigantesca contribuição ao comodismo de nossa população estipulando que a fé é melhor que a razão. os brasileiros, de religiosidade alta, resolveram também usar a fé em assuntos não-religiosos. Acreditar não exige esforço e não muda nada. 

E por tudo isso, o brasileiro criou uma aversão doentia pela contestação, pelas ideias intelectualizadas e por tudo que possa mudar as estruturas podres que insistem em manter tudo errado na nossa sociedade.

Contestação permitida só a da baixaria, como se pensassem que o grotesco pudesse melhorar as coisas e na verdade acaba não melhorando, se tornando por isso mesmo, a única forma de "contestação" permitida pela sociedade.

Eu sou contestador. Eu não aplaudo erros. Se algo está errado, eu digo mesmo. Pode ser que eu não mude nada agora, pois não tenho o nível de prestígio necessário para formar opiniões alheias. Mas sei que um dia, mesmo distante, se lembrarão do que estou dizendo agora. 

Somente os contestadores tem a capacidade de fazer as coisas avançarem. E quem não contesta, fica na pior. Não é, Cícero?

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