"Escreva, mas não leia": a ditadura midiática disfarçada de democracia

Tive nesta semana uma descoberta. As elites, assessoradas pela grande mídia e por um punhado de pseudo-intelectuais que defendem a decadência cultural (mas com o verniz de "avanço"), descobriram um bom modo de domesticar a juventude, fazendo ela crer que está tendo liberdade de expressão, mas sem tê-la de fato: o estímulo a criação e publicação de ideias, mas sem a leitura de outras.

Funciona da seguinte maneira: estimula-se o jovem a criar, escrever, compor, gravar, falar, mas afastando o mesmo de qualquer referencial que possa ajudar a desenvolver o discernimento e o senso crítico. Coloca-se "tutores" e líderes (podem ser ídolos, celebridades, religiosos, esportistas, amigos, etc.) para que estes sirvam de "referências", dizendo o que deve ser pensado e dito, desde que não abale as estruturas de poder e a organização social existente. 

E pronto: o jovem coloca em seus blogues, redes sociais ou grava seus discos, filmes, ideias que nada mudam de fato a sociedade, mantendo intactas todas as relações de poder e os valores arcaicos que insistem em se manter na sociedade, incluindo os problemas que conhecemos e as injustiças que tanto prejudicam quem não deve ser prejudicado.

Por isso mesmo que quando alguém de mente mais evoluída, que sabe usar melhor o discernimento e usa o seu senso crítico, ele nunca é lido ou se é lido é solenemente ignorado, pois quem lê foi educado a manter tudo do jeito que está. Em compensação se alguém posta algo sobre valores estabelecidos, é solenemente celebrado, curtido, seguido, amado.

Essa onda de escrever e não ler dá uma noção errada de democracia, que é facilmente assimilada por quem não tem o discernimento e é beneficiado por tudo isso que está aí. Claro que se o jovem quiser ler algo e usar como influência pode, desde que indicada pelo seu "líder". Ninguém vai ler aquilo que é reprovado por gente como Luciano Huck. Se ele aprova, ótimo, vamos seguí-lo.

Isso impede que a juventude tenha acesso a textos e ideias que possam ajudar a desenvolver o discernimento e questionar os erros que estão aí há séculos. Sem ler textos considerados subversivos pelo sistema, o que resta é assimilar as ideias indicadas por este sistema, já que não estimulam a contestação e consequentemente o bom senso, perpetuando tudo isso que o sistema aprova e aplaude.

E assim se manipula a juventude, fazendo-a pensar que está sendo livre e decidida. E mais uma forma de manipulação silenciosa e discreta entra em ação para que as coisas permaneçam como estão, já que a maior arma do ser humano para destruir os poderosos é o discernimento, cuja utilização é cada vez menos estimulada.

Deixemos a poeira e as teias de aranha em nossos cérebros inertes e curtamos essa pseudo-liberdade. As elites vão ficar muito felizes com isso.

Comentários

Postagens mais visitadas deste blog

Canção do Ultraje a Rigor é plágio de música de banda francesa de new-wave

Personagem de novela me fez chorar sinceramente

Eu detesto feriados