O que pensar sobre a glamourização da pobreza

Esta foto publicada há algumas semanas em O Globo merece uma boa reflexão. Ela mostra meninas pobres, moradoras de uma favela, diante uma limusine e se preparando para uma festa de debutantes de gala, como se fossem ricas. A pergunta que vem embutida nesta foto é a seguinte: o que está sendo valorizado nela, a pobreza ou a riqueza? São as garotas pobres vindas de uma favela ou os símbolos de luxo da riqueza como a limusine e a festa de gala?

Na verdade, os pobres não estão sendo valorizados. Essa "nova classe média" está sendo na verdade bajulada. Nos anos 90 pra cá, os pobres, estimulados pela miséria - e em parte por projetos "sociais" que estimulam o aumento da natalidade - começaram a se multiplicar. Em muitos lugares se vê mais pobres do que qualquer outro tipo de pessoa. E o que a elite, com medo de uma reação das massas que pudesse gerar um forte dano social, teve que fazer? dar uma ilusão de prosperidade para que essa gigantesca e ameaçadora massa de revoltados em potencial, pudesse calar as suas famintas bocas.

E daí nasceu a glamourização da pobreza, agora chamada de "nova classe média", já que é uma boa tática de imobilização fazer o fraco acreditar que está fortalecido, mesmo que de fato não esteja. Como os pobres continuam com a mesma baixa escolaridade e o pouco discernimento que sempre os caracterizaram, ficou fácil enganá-los, apenas liberando a eles o acesso à tecnologia e a alguns "benefícios" do consumismo, que aos olhos de quem não pensa, dá a impressão de uma alcançada qualidade de vida.

E aquilo que é simbolizado por um barraco de madeira, mal construído e vizinho a uma vala de esgoto, mas com uma antena parabólica bem na janela do mesmo. Desta forma, o pobre não deixa de ser pobre, continua com os mesmos problemas, mas o acesso ao consumismo lhe dá a ilusão de que "tudo melhorou". Se fossem educados adequadamente e tivessem o uso frequente do discernimento, perceberiam claramente que estão sendo enganados.

Não adianta levar essas jovens para 15 minutos de fama dentro de uma limusine. Isso não é respeito, isso não é valorização. Pelo contrário. É uma ilusão que durará pouco e em seguida devolverá essas pobres meninas à sua triste realidade imposta pelo seu estilo de vida que consumismo nenhum conseguirá acabar.

Viver em uma favela nunca é digno. Quem vê dignidade em favela está sendo enganado e enganando os outros. Favelas são na verdade uma situação que deveria ser provisória, pois a verdadeira dignidade não está em viver em uma casa mal construída com o esgoto logo na entrada.

Essa glamourização da pobreza é uma verdadeira crueldade. Um novo apartheid que isola os pobres no seu canto, impedindo-os de crescer com dignidade, enchendo-os com fantasias e falsas realizações, e prendendo-os na eterna ignorância que, disfarçada de "sabedoria" vem enganado a todas as classes sociais, pensando que a justiça social foi alcançada, quando na verdade, nem um pequeno sinal dela se fez notar.

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