Volta da 89 FM em fase ruim de cultura rock é um tiro no próprio pé

Anunciada para ontem, a volta da rádio 89 FM, de São Paulo, responsável pela deturpação da cultura rock no Brasil (que mania chata da população brasileira adorar deturpações de todos os tipos!), pode ser um ato de "suicídio", ainda mais numa época de má audiência radiofônica.

Para quem não sabe, a 89 FM foi uma rádio que nos anos 80 se assumia como "rádio-rock", mas sem o idealismo e muito menos a dedicação e a informação que a Fluminense FM (na minha opinião, a melhor rádio de rock de todos os tempos ) possuía. Mas há quem sempre achou a 89 FM melhor que a Fluminense, da mesma forma que a maioria dos brasileiros "espíritas" acha os delírios de um simples médium como Chico Xavier mais "coerentes" que a lucidez de um cientista como Allan Kardec.

A locução dos primeiros minutos de retorno já dá uma boa ideia da incompetência da rádio. Um locutor, com o nome infantil de Tatola (que estimula muitos trocadilhos ofensivos), coordenador da rádio, fala ao microfone de forma  ao mesmo tempo agitada e infantil, falando do mesmo jeito daqueles adolescentes que lançam vlogues no YouTube. Mais imaturo que isso só se o locutor/coordenador (um "líder" infantilizado? Ninguém merece...) fizesse a mesma coisa com uma chupeta na boca.

A equipe da 89 FM (formada por radialistas com larga experiência em rádios de dance music) sempre foi tão leiga em matéria de rock, que em seu repertório, havia espaço até para corpos estranhos como Roxette e Pet Shop Boys, muito alheios à cultura roqueira. Como se tocassem forrozeiros em rádio de samba.

Mas a volta da 89 FM seguirá, infelizmente, essa filosofia, já que a equipe -  pelo menos em sua cúpula - será a mesma. ninguém com compromisso de fidelidade ao rock, tratando o gênero apenas como uma diversão para ganhar dinheiro. E a 89 FM volta em péssimo momento para o rock, cuja "melhor banda" da atualidade é o Restart e quando quase toda a juventude se rendeu de corpo e alma (mais corpo do que alma) às breguices que tradicionalmente só eram curtidas por favelados. Favelados são os novos "bobos da corte" nesta Idade Mídia, eleitos para divertir as massas mais abastadas e as elites.

Com essa impopularidade do rock, como é que a rádio irá se manter? Lancei uma piada que diz que a 89 FM vai ser uma autêntica rádio-rock, pois, sem audiência humana, vai tocar apenas para as pedras ouvirem (rock também é "pedra" em inglês). os administradores da 89 FM vão perder muito dinheiro.

Por enquanto, somente as pessoas na faixa dos 30 anos (cerca de 29 a 39 anos) é que demonstram empolgação com a volta da rádio. Os mais velhos nunca levaram a sério a rádio por conhecerem o seu mal trato com o gênero. Os mais novos, não estão nem aí para o rock, já que não lhes diz as mensagens fúteis que desejam ouvir. Somente os trintões de hoje, muito - mal - educados pela perspectiva míope da 89 Fm e que cresceram acreditando que uma armação picareta como Guns'n'Roses, altamente estereotipada, a melhor banda de rock de todos os tempos (sic) se animaram, pensando que tocar bandas medíocres de rock é melhor do que as porcarias que ouvimos em outras rádios. Não é. Aprenda inglês e vai ver que o que Axl Rose canta não é diferente do que os Thiaguinhos e Vitors e Léos da vida cantam. A mesmíssima coisa.

Vamos ver como se dará. Muito certo que fracasse. Seria melhor que a Fluminense FM é que voltasse (ela ameaça voltar na internet - decisão mais sensata), já que ela carrega a credibilidade e a competência que a 89 FM não possuí. A 89 FM, com a audiência limitada a essa meia dúzia de gatos pingados que se contentam com pouco vai se afundar rapidamente e retomar a maluquice dos clubes dançantes que estavam defendendo até a poucos dias.

A cultura rock merece mais respeito. O respeito que a 89 FM nunca deu e nunca vai dar.

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