O carnaval de rua não voltou por motivos culturais

Muita gente ingênua comemorou a volta do carnaval de rua em cidades onde há um tempo não havia. O fato foi tratado como uma retomada cultural. Mas essa ideia é totalmente ingênua, pois na verdade, o que se vê por aí não é o carnaval de rua e sim as rotineiras "noitadas" de todo o final de semana, transplantadas de lugar e de horário, já que muitas ocorrem a plena luz do dia.

A indústria do entretenimento, através da mídia encaixotou na cabecinha oca do povo brasileiro que alegria e festa são sinônimos e que não existe alegria tranquila. Está na cara que a maioria vai por catarse, para "liberar demônios", para desabafar e fazer o que não costuma fazer em outros momentos (no caso das mulheres o de serem amorosas, já que encasquetaram de serem carrancudas a maior parte do ano, como havia escrito em outra postagem). Quem ganha dinheiro com esta farra toda se animou imediatamente. Aliás, é esse o verdadeiro motivo pela volta do Carnaval de rua: dinheiro e alienação da população.

Dá para se ver: um cortejo muito parecido com os cortejos fúnebres, com gente cantando letras de música sem compreender o que está dito, com dificuldade de se movimentar, seja pela embriaguez (interessante que ninguém consegue ser "feliz" de cara limpa - preferem sujar a cara seja com álcool, seja com as ilusões da religião), seja pelo excesso de pessoas, espremidas em um espaço bastante limitado.

Como pode se ver cultura nisso. Virou moda confundir diversão com cultura. Cultura é (ou deveria ser) transmissão de sabedoria. Deveria ser algo mais cerebral. Mas o que se vê é um divertimento irresponsável e alienado, um típico vício. Como se houvesse uma estranha necessidade de se passar por isso, para depois se arrepender. Igualzinho o que se passa na mente de qualquer viciado em crack.

E claro, isso dá dinheiro aos organizadores e à mídia. Estes, ansiosos pelos lucros garantidos (para isso ninguém mede gastos), estimulam mais e mais, sempre com as mesmas propagandas e sem ter o que dizer, preferem os bordões pré-fabricados como "alegria geral", "mistura de ritmos", entre outras bobagens que não se vê na prática.

Se alguém me acusar de estar falando mal do Carnaval, se enganou redondamente. Não sou contra Carnaval ou festas. Sou contra isso que está aí sob esses nomes. Graças ao meu discernimento, percebo que não é a verdadeira alegria que está aí. Estranhamente a maioria das pessoas que mais gostam de Carnaval é formada justamente pelas mesmas que passam o resto do ano de mau humor e vivem desprezando aqueles com quem não simpatizam (ou não lhe dão benefícios materiais).

Tudo é mentira na festa de Momo. Para começar pela entrega da chaves da cidade pelo prefeito, um ritual que não faz mais sentido. Como um rei boboca vai governar os problemas cotidianos em nossa cidade? Será que um gordo pago para sorrir na frente das câmeras conseguirá impedir os excessos comuns nessa época do ano? Sem respostas lógicas e discernentes.

Mentira, mentira e mentira. todos se enganando com a falsa felicidade travestida de cultura para depois acordarem com uma imensa dor de cabeça para depois se prepararem com a antipatia sagrada de todos os dias. Até a próxima oportunidade em que o prefeito entregará mais uma vez o desgoverno de sua cidade a um novo gordo sorridente e fanfarrão.

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