O que é alegria e o que podemos tirar de útil de qualquer Carnaval

O que mais se ouve falar durante qualquer Carnaval é a palavra alegria. A palavra virou um bordão bem repetitivo na hora de alguém justificar sobre o porque adora os festejos de Momo. A palavra é pronunciada até a exaustão, mesmo que nem todos saibam de fato seu significado ou o que a palavra representa. A palavra inclusive é utilizada para dar um caráter de necessidade a algo que deveria ser meramente supérfluo, graças a sua sutilidade superficial.

Mas há de fato alegria no Carnaval? Talvez em remotos carnavais mais antigos, encontre algum vestígio. Falo dos festejos ocorridos há muitos anos atrás onde eu nem era nascido e meus pais ainda nem eram adolescentes. Naqueles tempo, poderia se falar em alguma alegria real. E hoje?

Pra começar não temos um motivo real de alegria. A palavra, como falei, é usado como mera justificativa nobre para dizer que o Carnaval é necessário. É uma maneira que uma pessoa tem de tentar dizer que "é importante" ir para o carnaval. É o que acontece também com a utilização da palavra "cultura" em referência aos festejos momescos. Há muitas décadas o Carnaval deixou de ser uma manifestação cultural para ser uma isca para os lucros com turismo. A palavra "cultura" serve para dar um caráter de "seriedade" e "urgência" para a realização de uma gigantesca festa ao ar livre onde quase toda a população se sente livre - ma non troppo - para aprontar das suas. Mas para se sentir alegre? Bom...

Prefiro encarar o Carnaval como um misto de fuga e explosão dos instintos. E não é senão isso. É a oportunidade que as pessoas tem de, além de fugir e esquecer os problemas que nunca estão dispostas a resolver, de desabafar desses problemas se soltando de forma mais instintiva e irracional possível. E sinceramente, não dá para chamar isso de alegria.

A alegria real deveria ser cotidiana, não dependendo de evento nenhum para ocorrer. Para ser ainda mais exato, a alegria deveria vir de dentro de nós e não de fora. Se ela deve vir de fora, é porque não existe interiormente. Ou seja, os que mais dependem de um evento para se sentirem alegres são as pessoas mais tristes que possam existir. Se há tanta necessidade de embutir uma alegria postiça é porque a tristeza mora internamente.

E será que a verdadeira alegria não existe no Carnaval? Existe, mas apenas nos corações das pessoas realmente alegres, que não dependem de uma grande festa para se alegrarem. E mais ainda existe nas pessoas que vivem dispostas a resolver seus próprios problemas, evitando fugas, pois sabe que não adianta fugir: os problemas sempre voltam para aqueles que nunca tentam resolvê-los.

E o que pode se tirar de positivo do Carnaval? Não sei responder. O excesso cometido num evento como este sempre geral algum dano, no mínimo psicológico. A ressaca já é um dano. A pergunta deste parágrafo é difícil de ser respondida. fica a cargo de cada um, sabendo que as respostas irão variar, a maioria delas erradas.

E encerrada a folia, voltamos a ser os mesmos insossos e insensíveis de sempre, abraçados a tristeza que recusamos a abandonar e aos problemas que nos devoram a paciência. Até a próxima vez que o rei Momo receber a chave de sua cidade.

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