A discreta e agressiva destruição cultural

Estamos vivendo numa deplorável cena nunca antes vista, nem mesmo na época da ditadura militar. Estamos vendo uma silenciosa, mas rápida deterioração cultural que tem apoio de autoridades, mídia e até do Governo Federal, que decidiu patrocinar pseudo-artistas que nada tem a dizer, mas possuem prestígio midiático. Esse patrocínio, recém anunciado, gerou muita polemica e motivou a criação desta postagem.

É um cenário preocupante, resultante da confusão entre o que é cultura (transmissão de conhecimento) e o que é simples diversão. Destrói-se a cultura de verdade e se coloca no lugar puros bobos da corte que existem só para distrair as massas, sem nenhum valor importante a transmitir. pelo contrário, alguns até difundindo valores decadentes. De quelquer forma, todos, sem exceção, contribuem para o emburrecimento social que mantem os poderosos (políticos e Grandes Empresários) em seus lugares e perpetuam os problemas e injustiças que tanto estragam o nosso cotidiano.

O jornalista Mino Carta alertou sobre a decadência cultural na Carta Capital e gerou muitos protestos. O que normalmente é esquecido é que as pessoas enfiaram na cabeça que ser "artista" virou direito básico e criticar alguém que empine o seu traseiro cantando uma letra besta, virou "preconceito" e "desrespeito". A cultura precisa evoluir e está involuindo. Criticar não é desrespeitar e sim alertar erros que possam ser corrigidos.

Mas com a consagração do popularesco nos anos 90 para cá, a música de povão, feita por gente sem vocação artística e sem o senso cultural, interessada mais em se utilizar daquilo que entendem por arte para servir de fonte de renda, a cultura só tem piorado. E com o surgimento de coisas ainda piores, os piores de antes acabam virando "gênios", agravando ainda mais a situação.

Para a mídia, essa decadência não parece ocorrer. Numa verdadeira ginástica cultural, textos são escritos, intelectuais são remunerados, reportagens prontas, tudo feito sem medir esforços para tentar provar que essa cultura evidentemente burra é a "nova forma de inteligência".

As rédeas da cultura agora foram entregues a gente que pode ser definida como "trogloditas cibernéticos", vindo das classes menos escolarizadas e desprovidas totalmente do bom discernimento e embaralhando as informações que recebem da internet, não escondendo suas intenções mercantis e produzindo trabalhos cada vez mais pobres em qualidade, sobretudo intelectual.

Afinal, o que esperar de uma pessoa pessimamente escolarizada, sem discernimento e com intenções claramente financeiras de transformar a carreira "artística" em emprego? A cultura sempre foi, é e será o resultado da educação. E uma educação ruim só pode produzir uma cultura ruim. Isso é fato.

E não confundam intelectualidade com escolaridade. Intelecto é saber usar o discernimento, é processar ideias e informação. Nas universidade de hoje é onde mais encontramos gente ignorante que em muitos casos sai da faculdade com diplomas e mais diplomas na mão, mas pior do que entrou, muito mais ignorante do que antes.Os intelectuais que defendem essa discreta, mas nítida destruição de nossa cultura tem títulos de doutorado e de pós, justamente após teses que defendem a burrice alheia. Doutores defendendo que burros continuem burros impondo a sua burrice como nova forma de inteligência.

E não adianta defender os produtores dessa "nova cultura". Não vejo sentido em respeitar aqueles que não querem evoluir seu intelecto. Respeitar é uma coisa, mas estimular o atraso intelectual é outra. E o pior que além de aparecerem os novos deturpadores culturais, estamos cultuando os bregas do passado, embriões para todo este estrago que estamos vendo agora. A música vai evoluir através da ruindade? Qualé?!

Não sei até onde isso vai dar. O estrago já foi feito e é gigantesco. Mídia, autoridades e muita gente consagrada apoia esta destruição, confundindo-a com "evolução". Vai demorar muito para retomarmos a caminhada pela evolução cultural, nos livrando dessa idade média dos populachos do axé, pagode, "sertanejo", "funk", brega e similares na música ou em outras modalidades, exigindo uma renascença que pudesse devolver a decência e a qualidade cultural.

Eu achava que o século XXI teríamos uma cultura bem superior. Me enganei. Os trogloditas cibernéticos estão no poder. Voltamos aos tempos da pré-história. Temos que começar tudo de novo.

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