Bowie retorna em excelente forma

Após 10 anos de seu último - e pouco repercutido - álbum Reality, David Bowie, veterano do rock de qualidade, nos brinda com The Next Day, já aclamado com um dos seus melhores discos.

Bowie lança seu novo álbum em uma época meio incômoda para a música, excessivamente visual e com pouca ou nenhuma qualidade estética ou intelectual, priorizando sempre as coreografias (muitas delas simulando atos sexuais) e a presença de inúmeros dançarinos nos shows musicais, transformados em teatros de revista não assumidos.

Mas aí vão dizer: mas Bowie foi sempre visual, sempre deu destaque a aparência. Em termos. Bowie destacou o visual, mas nunca deixou a música de lado, do contrário da geração atual, cada vez menos musical, utilizando-se da música mais como fundo para o espetáculo de dança cada vez mais comum. O lema de Bowie, inclusive era Sound + Vision, com o "sound" vindo antes, mostrando que por mais visual que fosse,  para o cantor/compositor, a música sempre foi protagonista.

O novo álbum vem também acompanhado de imagem, com um estranhíssimo clipe para a tristonha música Where are You Now?. Aliás, o novo álbum é um álbum triste. Não sei o motivo, mas a idade elevada do cantor (66 anos) permite questionamentos tristes na maioria das pessoas.Há inclusive espaço para o bullying, problema frequente na juventude do cantor e responsável pelo defeito que ele tem em um dos olhos, sempre dilatado e manchado de sangue coagulado. Uma surra dada por bullies foi responsável por esse problema que por pouco não cegou o cantor.

E como disse um dia Bob Dylan, mestre de Bowie em sua fase mais inspirada, a tristeza rende as melhores músicas. Bowie levou isso a sério e retoma a sua experiente carreira com um disco triste, mas vigoroso, como só o velho "Ziggy Stardust" sabe fazer.

Ainda não ouvi todo o disco, apenas algumas músicas, sobretudo a bela Where are You Now?. Mas só por estas pude realmente perceber que os veteranos ainda continuam em forma e que a geração dos anos 60 e 70 ainda tem muito a nos ensinar, ainda mais numa época onde não se faz música e sim "barulhos de videogame feitos para embalar o coito". Bowie, estranho como sempre foi, apelando para mutações na tentativa de fugir de modismos, criou mais uma de suas mutações: do velho sábio a deixar lições importantes para uma juventude cada vez mais alienada e falsamente feliz. Bowie sempre soube o que faz. É melhor pararmos e ouvir o que o velho "Ziggy Stardust" tem a nos dizer.


Comentários

Postagens mais visitadas deste blog

Canção do Ultraje a Rigor é plágio de música de banda francesa de new-wave

Personagem de novela me fez chorar sinceramente

Eu detesto feriados