Choro, Chorão, Choradeira...

Não estou aguentando mais a choradeira histérica pela morte de Chorão, playboyzinho líder da banda medíocre Charlie Brown Jr. Somente na era da mediocridade onde as pessoas não exigem mais nada em relação ao que ouvem nas músicas pode explicar porque o finado rebelde sem causa morreu como um santo, um herói, um mártir!

Chorão, pelo que eu saiba nunca foi um exemplo de vida ou de mentalidade para ninguém. Suas letras eram de um narcisismo puro. Falsamente conscientizadoras, elas não iam muito além das críticas superficiais que qualquer cidadão comum faria, o que significa algo muito fácil para qualquer um fazer sem a necessidade de um porta-voz.

A submissão midiática faz qualquer celebridade se transformar em santo ou herói sem mexer uma só palha. Como se fazer os outros se divertirem fosse em si uma caridade. Chorão e sua banda foram favorecidos pela era da mediocridade, elevando o seu prestígio para um nível muito acima ao de seu repertório chinfrim caracterizado por uma mistura aguada de rap, reggae e skate rock, com letras de temas narcisistas do tipo "eu sou o tal e respeite a minha atitude". Se nem ele respeitou a atitude dele, morrendo por irresponsabilidade, quem sou eu para respeitar?

Se ele queria ser exemplo para a juventude, escolheu o prior caminho. Típico rebelde sem causa, Chorão vivia uma vida de um playboyzinho juvenil. Vida social intensa, bom esportista, tinha as mulheres mais lindas à sua disposição. Falava com jeito antipático, como aquela voz estereotipada de delinquente juvenil pouco interessado em se amadurecer. Embora não seja um militante como Marcelo D2 (outro que se morrer, vai virar "santo"), não é surpresa nenhuma o consumo de drogas para um cara como Chorão.

Nunca ouvi falar de algo que pudesse fazer do cantor um cara admirável. Pelo contrário, ele representava a imagem estereotipada do rebelde sem causa, do cara que estava de mal com o mundo sem realmente entender porque agia assim. Rebelde sem causa é a palavra perfeita para definir chorão, pois se ele posava de revoltado, é bom lembrar que ele era rico, tinha amigos e mulheres a sua total disposição e uma multidão de fãs fanáticos. Fãs que agora fazem por conta própria a canonização do cantor, agora padroeiro daquilo que o povo sem discernimento entende como "revolucionário".

Eu pergunto: Chorão melhorou a sociedade com sua música? Porque as pessoas entenderam suas mensagens narcisistas como "conscientização". Pelo que eu sei ninguém muda o mundo teimando em "ser o que é", ignorando conselhos e opiniões mais evoluídas e se mantendo preso na vidinha medíocre de ególatra falido.

Chorão, considerado como exemplo para muitos, não serviu de exemplo nem para si mesmo. A sua mania de dizer "eu sou assim, me respeite" acabou da pior maneira, revirando a casa feito um demolidor para em seguida cair num coma narcótico que finalmente o levou à morte. Se a forjada "rebeldia" de Chorão não serviu para salvar a si mesmo, como salvaria a sociedade?

O fanatismo pró-Chorão é cego e irresponsável. Tem muito a ver com o nosso desespero pela procura de alguém que faça o papel de um herói ou santo que faça o papel de babá de uma sociedade infantilizada que perdeu a capacidade de discernimento e que aguarda ansiosamente que um mero título no futebol a ser conquistado no ano que vem venha lhes trazer a redenção fictícia que compense a redenção real que nunca chega.

Pensando bem, não é estranho Chorão morrer como um mártir. Um povo idiota precisa de alguém tão idiota quanto este povo para que a afinidade de  pensamentos possa se converter na satisfação dos interesses vazios de ambos. Afinal, idiotas detestam sábios. Idiotas querem heróis igualmente idiotas.

Para quem gosta de emoções baratas e se contenta com elas, um playboy narcisista é o mártir perfeito. Um mártir pela rebeldia sem causa.

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