O resgate do verdadeiro rock

Uma grande e agradabilíssima surpresa aconteceu neste ano. Aliás, há poucos meses. O grande guitarrista e compositor da melhor banda de rock dos anos 80, The Smiths, o inglês Johnny Marr, laçou um novo álbum solo, The Messenger (Warner Music), em que coloca o mais puro e melódico rock para mostrar que o gênero ainda sobrevive e muito bem.

O rock hoje em dia perdeu muito em popularidade. Tirando esses grupinhos infantis que se assumem como representantes do gênero e tatuados velhinhos farofeiros que sabem mais comer loiras siliconadas do que tocar uma boa música, o gênero praticamente não tem representantes que agradem as massas. Os jovens de hoje elegeram o hip hop (EUA) e várias tendências da música brega (Brasil) como suas porta-vozes.

Lá fora, pelo menos, o rock deu uma boa recuperada. Além de haver veteranos de qualidade ainda ativos e lotando plateias, bandas como Strokes devolveram qualidade ao gênero que estava meio sem criatividade, preferindo a rebeldia sem causa de se limitar a berrar ao som de guitarras distorcidas.

Mas um veterano de tempos não muito remotos resolveu por conta própria dar a sua colaboração para a recuperação do rock. Johnny Marr, ele mesmo: responsável pelas músicas mais melódicas dos anos 80, uma década de muita purpurina e muitas coreografias (não é, Senhor Jackson?), tão falha nos EUA e Inglaterra como seria a década seguinte no Brasil.

Johnny Marr lançou seu disco no dia 25 de fevereiro, coincidentemente no aniversário de 70 anos de outro guitarrista, George Harrison. Há indícios de que isso não foi de propósito, mas a coincidência fascina os fãs do bom rock. Ou seja, o álbum é bem recente e serve como adiantamento da comemoração dos 50 anos do ex-Smiths.

O álbum inclusive coincide com a declaração do antigo parceiro, Stephen Morrissey, que pensa em se aposentar, após sucessivos problemas de saúde (ué, mas ele não é natureba?). Tomara que Morrissey desista de se aposentar, pois a extrema qualidade de seu repertório é responsável por uma façanha rara: Morrissey, sem álbum lançado e praticamente sem o apoio da mídia, só consegue fazer shows com lotação esgotada em pouco tempo, já que atrai para si um exército de sedentos por rock de qualidade que fale sobre as decepções com a sociedade e com a política de seu país.

Voltando a Marr, o seu álbum mostra um trabalho melódico, sim, mas bem rock. Rock na atitude e na virilidade. O guitarrista optou por fazer um som mais diferente do que fazia com os Smiths, preferindo fazer uma mescla entre o rock dos anos 70 com a melodia dos anos 60. Sua voz se encaixa perfeitamente com o som que faz, uma voz que considero ideal para um roqueiro de verdade, sem a frescura dos emos, mas sem a arrogância dos posers (né, Axl Rose?).

É um álbum que me animou muito e ainda mais o meu irmão Alexandre Figueiredo, que já é fãzaço do guitarrista e de sua ex-banda (a favorita de meu irmão). Tem um vigor que há muito não se via na música há muitos anos e com certeza tem tudo para ser o melhor álbum do ano.

Aqui vemos o clipe que tive a felicidade de assistir no canal VH1, mostrando o guitarrista e a banda que o acompanha mostrando para os jovens como é que se faz rock. Até porque do jeito que estava, o rock corria o risco de virar pedra, exatamente como o vocabulário da língua inglesa sugere.


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