A decadência da versão brasileira da revista Playboy e de suas similares

A mais famosa revista dedicada ao público masculino, priorizada por ensaios geralmente bem feitos com mulheres nuas, está dando sinais de franca decadência em sua edição tupiniquim. Embora possa parecer sinal dos tempos, na verdade pode estar sugerindo uma crise.

Há tempos a revista não vem investindo em ensaios interessantes. Não vou analisar aqui o aspecto técnico pois não entendo da parte técnica de fotografia. Deixo isso para outros analisarem. Falarei como antigo leitor da revista, que não compro desde o final dos anos 90. Nem me lembro qual a última edição que comprei, mas a internet me tirou a necessidade de comprá-la. Até porque não quero acumular papel, ainda mais depois de uma experiência muito desagradável com um grande enxame de cupins, em 2010.

Musas de proveta

Será que a qualidade das musas influencia? Sim, pois houve um tempo em que a revista chamava musas de verdade para mostrarem seus belos corpos ao natural. Hoje, além dos programas de edição de imagem que alteram tudo, temos musas criadas apenas para serem símbolos sexuais. 

As chamadas boazudas, as paniquetes, frutas, musas de brasileirão, "modelos" (não confundam com as de grife: as modelos vendem roupas e produtos de beleza, as "modelos" vendem seus corpos) e similares, foram criadas para fazerem o papel exclusivo de símbolos sexuais, sem nada mais a fazer de relevante além disso. É o que eu chamo de símbolos sexuais de proveta, pois criadas para tal, são moldadas como tal. 

Até enjoa, pois elas, além de insossas e artificiais (Silicone? Anabolizantes? Hã?), o fato de serem criadas apenas para servirem de entretenimento sexual masculino, tira a graça da fantasia sexual. O fato de não serem nada além de meros objetos tira a graça. Até porque roupas minúsculas se tornam o "uniforme" dessas musas sem nada a dizer.

Antes não era assim. Tínhamos atrizes, cantoras, esportistas e até jornalistas dispostas a posar nuas. Era legal porque você tinha a oportunidade de ver em uma sessão sensual uma mulher que normalmente não era associada a esse universo. Mulheres já admiradas em outras ocasiões, mas que eram colocadas em um contexto sensualizante.

Isso tem muito a ver com o fato de não pensarmos em sexo o tempo todo. Sexo é algo que se faz por alguns minutos e creio que musas também devem ser valorizadas também em outros momentos. Aí está a graça. Sexy, por exemplo é ver uma jornalista como Fátima Bernardes, mulher realmente linda e gostosa, de bíquini de vez em quando. Por outro lado é chato ver uma Nicole Bahls o tempo todo de biquíni ou roupas indiscretas, já que não consegue se vestir sem se "sensualizar". Isso não.

Revistas sobre saúde física excitam mais

Falei um pouco sobre as musas vazias porque é uma das razões da decadência da versão brasileira da revista, que está ameaçando a não publicar mais nus. Mas vai publicar sessões sensuais leves de musas vazias? Sites como Morango caíram justamente por causa disso.

E as musas de verdade, elas não estão sendo chamadas ou elas exigem caché alto demais? A segunda alternativa faz mais sentido. E mais: creio que as musas de verdade estejam aliviadas por existirem as musas de proveta, pois assim, as mulheres de classe são dispensadas de posar nuas. Coloca-se uma paniquete no lugar de uma atriz que "está ótimo".

Perdi o gosto de ver a revista Playboy, a não ser quando aparece uma musa de verdade, como, para dizer uma sessão mais recente, a Leona Cavalli, talentosa atriz e subestimada como musa, uma mulher lindíssima, inteligente e altamente sedutora que teve a felicidade (Nossa? Dela?) de mostrar a sua perfeição física para a revista Playboy, no ano passado. Mas antes regra, mulheres como Leona virou exceção.

Hoje sinto muito mais excitado com sessões de biquíni de revistas como Boa Forma e Shape, que ainda tem a oportunidade de mostrar mulheres de verdade, mesmo com fotos alteradas digitalmente. Estas revistas ainda servem como ótima vitrine da beleza de belas mulheres, com direito a ensaios com uma discreta sensualidade, mas que agrada na dose certa. A Women's Health inclusive tem se destacado mostrando desconhecidas com impressionante beleza de alto nível , se tornando a "marca registrada" da revista. Uma capa, colocada nesta postagem mostra o que eu quero dizer (clique na foto para vê-la maior).

Com a internet, fotos de nu explicito dispensaram as revistas, já que além de fotos da fase clássica da Playboy e outras similares, temos inúmeras fotos espalhadas com mulheres que dão de 1000 a zero nessas musas de proveta que só sabem balançar o rabo e criar polêmicas.

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