Não se mede qualidade musical com sucesso

Minha nossa! A ludibriagem feita pelas gravadoras e meios de comunicação está dando certo! Muita gente iludida com os ídolos fabricados pela mídia, achando que tais ídolos são "poetas" e ignorando todo o esquema feito pelas gravadoras e mídia, formadas por empresas que tem como único objetivo ganhar dinheiro.

Saudades dos anos 60, a melhor década cultural de todos os tempos, em que artistas não eram submissos às gravadoras ou às paradas de sucessos e que criavam belíssimas canções que valorizavam a inteligência e a criatividade.

Desde os anos 70, a indústria, cansada dos avanços sugeridos pelos artistas e intelectuais da década anterior, avanços que poderiam acabar com privilégios dos poderosos, optou por retomar o conservadorismo mercenário da cultura dos anos 40 e 50.

Aí o povo preferiu se esbaldar nas discoteques enquanto as desigualdades eram mantidas. A qualidade musical foi se deteriorando, artistas foram se tornando escravos das gravadoras e aí quem fazia música de qualidade ia aos poucos fadado ao esquecimento sob rótulo de "música para intelectual".

Nos anos 90 houve a consagração do mercantilismo cultural. Com a queda do muro de Berlim, os capitalistas se sentiram fortes e livres como nunca e invadiram todos os setores da humanidade, privatizando tudo, todos e quem estivesse na frente. Aí a qualidade musical foi pro brejo, literalmente.

Hoje, retomamos a idéia arcaica - que quase ia sendo derrubada, primeiro nos anos 60 e depois nos 80 - de que as paradas de sucesso, as vendagens e a presença na mídia são atestados de qualidade musical.

E os escravos de mídia, gente que acha que tudo que aparece na TV é o que existe de cultura e que por isso ignora a existência de qualquer artista que não apareça na mídia, se irrita quando tento estabelecer a diferença entre a mass-culture (o que eles curtem) e a cultura de verdade.

Gente que precisa aprender que gostar de algo não significa dar valor cultural. Particularmente não gosto da música de Dorival Caymmi, mas reconheço que ele tem uma gigantesca importância cultural. Já gosto de muitas músicas da Madonna, mas acho ela apenas uma entertainer. Surgiu apenas para divertir, com valor cultural zero.

Podem continuar curtindo seus ídolos, compre seus discos e vejam seus vídeos e shows. Mas saibam o que estão consumindo e parem de vê-los como deuses. Esses mesmos ídolos não vão colocar a comida em suas mesas por vocês pensarem desta maneira.

Ah, não gostam do que eu escrevo? Saiam daqui! Não sou empregado de vocês, vocês não me pagam para escrever. Visitem apenas os blogs que os agradem e respeitem a opinião de quem realmente usa o cérebro, orgão que vocês substituíram pelo coração.

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