A praga do filme dublado

ESPREMENDO A LARANJA: A mediocrização cultural que se torna epidêmica em nosso país não para de fazer os seu estragos. na intenção de agradar aqueles que possuem baixíssima escolaridade ou simplesmente não estão a fim de se esforçar na hora do lazer, os distribuidores de vídeos e as redes de TV fechadas (as abertas sempre faziam) tiveram a "maravilhosa" ideia de priorizar os filmes e programas dublados.

Filmes dublados só tem como única vantagem favorecer a atenção em uma história. Mas muita coisa se perde com a dublagem. Além de você não ouvir a voz de um ator - portanto sem ter a condição de avaliar o talento dele, razão de ser das premiações, as obras perdem o seu sentido, já que elas foram confeccionadas para o idioma original de suas produções.

Isso ainda é mais explícito em comédias, já que muitas piadas perdem o sentido se a voz original do comediante for substituída por outra. Em qualquer gênero muito se perde com a dublagem, que na minha opinião deveria existir apenas em desenhos animados.

Isso sinaliza, como disse antes, uma mediocrização cada vez maior de nossa cultura e de nosso lazer também, pois encanaram de achar que somente idiotas se divertem enquanto os inteligentes tem que gastar fortunas para adquirir obras que não estraguem a verdadeira arte.

A praga do filme dublado

Postado por Mario Rasec - Carta Potiguar

A exibição do novo filme de Martin Scorsese nos cinemas locais, somente em cópias dubladas, revela uma péssima tendência dos cinemas e um mau hábito do público em assistir filmes dublados.

A dublagem é, segundo o cineasta francês Jean Renoir, “uma monstruosidade”. Incomoda ver/ouvir um ator numa voz que não é a dele. É uma caricatura da obra original que impede sua apreciação plena. Embora a maior parte da população, talvez por uma falta de hábito na leitura de legendas (ou de ver o cinema apenas como simples distração de fim de semana e não ter uma maior apreciação pela obra cinematográfica em sua totalidade), prefira o filme dublado. Não é a toa que os cinemas brasileiros ofereçam mais opções para as cópias dubladas. É o caso agora do novo filme de Martin Scorsese, e o primeiro filme dele em 3D estereoscópico, A Invenção de Hugo Cabret, que nos cinemas locais somente estão disponíveis cópias dubladas. Particularmente me recuso a assistir. Prefiro esperar o DVD ou Blu Ray para poder apreciar a obra em sua totalidade. Mesmo que exista na maioria dos filmes dublados o apelo do simples e descartável entretenimento, a dublagem ainda consegue provocar um empobrecimento maior do filme.

O mesmo acontece com a exibição pelo canal Fox de um dos mais interessantes seriados da TV, The Walking Dead que, graças a liberdade que a internet ainda dispõem (apesar de todas as tentativas contra ela através de leis como a SOPA e ACTA, além das ações recentes do FBI sobre alguns sites), ainda posso contar com a escolha de ver uma obra áudio-visual em sua originalidade, sem a incômoda intervenção da dublagem, que vejo como uma verdadeira violação na obra original. Ou seja, se de fato cometo um crime ao baixar um episódio de um seriado estrangeiro, este crime não deixa de ser, de certo modo, motivado por outro crime: a dublagem. E ainda acrescento mais um crime cometido por essas “filiais” nacionais dos aglomerados empresariais do entretenimento: a falta de liberdade de escolha entre uma obra legendada (e sem cortes) e a obra dublada.

Na indústria cinematográfica ainda há outros tipos menos violentos, mas que também me causam estranhamento. É o caso de ver atores de um país, falando sua própria língua, interpretando personagens de outro. Exemplo: atores norte-americanos interpretando personagens franceses falando em inglês, como no filme sobre os poetas franceses Arthur Rimbaud e Paul Verlaine, Eclipse de uma Paixão (Total Eclipse, 1995), interpretados por Leonardo DiCaprio e David Thewlis, respectivamente. Mas isto também remete a uma exigência do público norte-americano que se recusa a assistir algo que não seja no seu próprio idioma. Mas, diferentemente do Brasil que dubla os filmes estrangeiros, a indústria hollywoodiana refaz todo o filme, como foi o caso dos filmes suecos Deixe ela Entrar e Os Homens que não Amavam as Mulheres.

Entretanto, nadando contra a corrente do mercado cinematográfico norte-americano (embora tenha focado estrategicamente no público cristão), há o exemplo do filme A Paixão de Cristo (The Passion of the Christ, 2004) de Mel Gibson, que optou ousada e inteligentemente para que a fala dos atores fosse em aramaico e em latim (línguas da região e da época em que o filme se ambientava), o que daria mais veracidade. Ainda assim, teve sua versão dublada no Brasil, o que fere a proposta original.

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